Gaivota voa da Islândia até Portugal e passa o inverno na bacia do Ave
Uma gaivota que foi anilhada na Islândia em julho de 2019 veio passar o inverno em Portugal, mais concretamente na bacia do Ave, tendo já sido avistada em Vila do Conde e mais recentemente em Fradelos, Famalicão, foi hoje anunciado.
Em comunicado, a Câmara de Famalicão refere que se trata de uma gaivota-de-asa-escura, que foi vista há duas semanas nas Pateiras do Ave, uma paisagem protegida localizada na freguesia de Fradelos, naquele concelho.
Com uma anilha em cada pata, a gaivota “foi vista a beber água e a repousar nas margens do rio Ave”, refere o texto.
Depois de alguma pesquisa, os responsáveis pela área de estudo das Pateiras do Ave chegaram até ao Instituto Islandês de História Natural e tiveram a confirmação de que a ave foi anilhada ao abrigo de um projeto que já opera há mais de 20 anos e que procura compreender onde passam o inverno as aves que se reproduzem naquele país.
A gaivota que escolheu o Ave para passar foi anilhada por um professor da Universidade da Islândia no dia 11 de julho de 2019, no município de Garðabær.
Em setembro, e ainda segundo a Câmara de Famalicão, foi observada duas vezes em Matosinhos.
Desde novembro, tem estado pela Bacia do Ave, tendo sido vista em Vila do Conde e mais recentemente em Fradelos.
Depois desta temporada no litoral norte de Portugal, “provavelmente” voltará, em berre, à Islândia, para uma nova época de reprodução.
Citado no comunicado, o biólogo Vasco Flores Cruz refere que o surgimento da gaivota naquele local “é um bom sinal” e o reflexo do trabalho de preservação dos habitats ribeirinhos do vale do Ave.
“Assim percebemos que, ao preservar os habitats ribeirinhos do vale do Ave, estamos a contribuir para a conservação das aves de um país que fica a mais de 2.500 quilómetros de distância”, refere.
A paisagem protegida Pateiras do Ave é um projeto do Município de Vila Nova de Famalicão que tem por objetivo promover o desenvolvimento da região, alicerçado na valorização do seu património cultural e natural.
“Através de um processo participativo, a iniciativa é gerida pela população, que se envolve e participa ativamente no processo de identificação dos valores, na definição de estratégias conjuntas e na implementação de ações que façam com que o património local seja o motor de desenvolvimento da região”, sublinha o município.
Acrescenta que aquela paisagem é “um mosaico” de floresta e campos agrícolas, centrada na freguesia de Fradelos, na sua arquitetura tradicional, nas suas tradições, e nos habitats que persistem nas margens do rio Ave.