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Avião partiu de Caracas com 18 portugueses que pediram repatriamento

Foto Plus Ultra EC-MDG/José Luis Celada Euba/Flickr
Foto Plus Ultra EC-MDG/José Luis Celada Euba/Flickr

Um voo da companhia aérea Plus Ultra partiu ontem do Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, norte de Caracas, capital venezuelana, com 18 portugueses que pediram para ser repatriados, confirmaram à Lusa fontes diplomáticas e aeroportuárias.

O voo, que estava inicialmente previsto para terça-feira, foi organizado por Espanha, para transportar cidadãos europeus, entre eles portugueses, que tinham ficado retidos na Venezuela devido à restrição de voos decorrente da pandemia do novo coronavírus.

O avião partiu de Maiquetía depois das 17:00 locais (21:00 em Lisboa).

As fontes nada disseram sobre o número total de passageiros no voo.

Antes de embarcar, um dos passageiros, Jerónimo Neves, explicou à agência Lusa que o grupo de portugueses estava a ser acompanhado pelas autoridades consulares locais portuguesas, salientando que “foram de grande ajuda”.

“Dos consulados de Caracas e Valência estiveram a acompanhar-nos e também do consulado [honorário em Maracay]. Vamos para Madrid e daí apanharemos um autocarro até Lisboa. Já temos o salvo-conduto para isso”, declarou.

“Ao chegar a Portugal, como vou de fora e entraremos pela Espanha, deveremos fazer quarentena, devido ao coronavírus”, referiu.

Jerónimo Neves explicou que viajou desde Maracay (110 quilómetros a oeste de Caracas) na manhã de ontem e que pôde aceder ao aeroporto por ter um salvo-conduto emitido pelo Ministério de Defesa da Venezuela, país está em quarentena preventiva e restringiu a circulação de pessoas e viaturas.

Natural de Vila do Conde, Jerónimo Neves faz parte de um grupo de seis portugueses que viajaram para Caracas no dia 11 de março e tinham regresso marcado para 15, data em que a Venezuela já tinha suspendido os voos e encerrado as fronteiras.

“Somos seis pessoas, cinco da família e um amigo. Fomos ‘agarrados’ aqui por uma situação muito triste, lamentável”, disse Jerónimo Neves à Lusa, explicando que um dos seus filhos, que estava de férias na Venezuela, morreu subitamente e tiveram de esperar pelos familiares para fazer a cremação.

Jerónimo Neves adiantou que o voo de 15 de março, na Ibéria, via Madrid, Espanha, através do qual esperava chegar a Portugal, foi cancelado e tiveram de comprar novos bilhetes para a transportadora Air Europa, que também cancelou o voo.

“Nós pagámos duas vezes o regresso, mas não acredito que as companhias nos reembolsem o dinheiro. Talvez nos dêem um tempo para fazer outro voo”, afirmou, sublinhando que esta situação os deixou também em dificuldades económicas.

Jerónimo Neves referiu que é diabético e hipertenso e que levou medicamentos para apenas os quatro dias da viagem, tendo tido dificuldades em conseguir localmente o que precisava.

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 107 casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus e uma morte

A Venezuela está desde 13 de março em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, que podem ser prolongados por igual período.

Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.

Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.

As clínicas e hospitais estão abertos, enquanto farmácias, supermercados, padarias e restaurantes estão a funcionar em horário reduzido, com estes últimos a vender apenas comida para fora.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.

Dos casos de infeção, pelo menos 108.900 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

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