Confederação pede que não se deixem os deficientes isolados e sem apoio
A Confederação Nacional de Organizações de Pessoas com Deficiência (CNOD) pede ao Governo que não deixe os deficientes, “um grupo especialmente vulnerável”, isolados, sem apoio e sem direitos no âmbito da pandemia de covid-19.
Em comunicado hoje divulgado, a CNOD manifesta a sua preocupação pelos efeitos do isolamento social imposto no combate à pandemia e frequentes cuidados de higiene pessoal e de instrumentos de uso diário, “quando muitas pessoas com deficiência não têm condições para se cuidarem autonomamente”.
“O isolamento social de pessoas com deficiência, seja ela intelectual, física ou decorrente de AVC e outras patologias, pode tornar-se num sentimento de abandono ou de rejeição com graves consequências sobre o estado de saúde mental e geral”, lê-se no comunicado, que refere ainda a importância de um acesso pleno à informação, destacando as denúncias de pessoas com deficiência auditiva, “cortados do mundo pela inadequação dos meios de comunicação social às suas necessidades”.
A CNOD teme ainda efeitos na saúde pela interrupção ou redução no acesso a tratamentos e apoios, dando o exemplo dos doentes renais a necessitar de hemodiálise ou de vítimas de acidentes vasculares cerebrais (AVC) que vejam terapias interrompidas, como fisioterapia e terapia de fala, com “consequências não reversíveis” para os doentes.
“Assim, procurando dar voz às pessoas com deficiência que se encontram isoladas em casas muitas vezes sem as mínimas condições funcionais, sem acessibilidade à necessária informação sobre o que está a acontecer, por vezes vítimas de violência doméstica, com dificuldades em se alimentar e se higienizar, entregues à espera desesperada de ajuda”, a CNOD procura “reclamar junto do Governo” e de outras autoridades das áreas da solidariedade, saúde e proteção civil, a tomada de medidas que mitiguem os efeitos da pandemia junto dos deficientes.
A CNOD quer que sejam localizadas as pessoas com deficiência “em situação crítica de isolamento” para que lhes seja prestado apoio domiciliário, na alimentação e higiene, que lhes seja garantido o direito de acesso a informação imediata e correta, assegurando a transmissão em língua gestual e que os canais de contacto para informações e emergências são acessíveis a todos.
Pede também a garantia de acesso aos serviços de saúde, proteção dos profissionais e dos deficientes por eles assistidos, garantia de manutenção de emprego e de possibilidade de teletrabalho e ensino à distância, garantia de rendimentos, propondo, por exemplo, o prolongamento automático de prestações sociais.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 572 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 26.500.