Etiópia perdoa mais de 4.000 prisioneiros para conter novo coronavírus
A Procuradoria-Geral da Etiópia anunciou hoje que vai perdoar 4.010 prisioneiros, incluindo opositores e todos os estrangeiros presos sem acusação de assassinato, de forma a prevenir a propagação da covid-19, provocada pelo novo coronavírus.
O perdão abrange os prisioneiros com sentenças inferiores a três anos e delitos menores, bem como aqueles a quem falta cumprir um ano de prisão, mulheres grávidas e mães com os seus bebés, anunciou hoje a procuradora-geral etíope, Adanech Abiebie, numa conferência de imprensa na capital, Adis Abeba.
A ação foi tomada depois de o Presidente etíope, Sahle-Work Zewde, ter aprovado a lista apresentada pelo Conselho de Perdão.
Entre os indultados, além dos estrangeiros -- condenados principalmente por tráfico de droga e que serão repatriados para os seus países --, está o editor do semanário Ghion, Fekadu Mahtemework, condenado no passado mês de outubro a sete anos de prisão por evasão fiscal.
Até agora a Etiópia confirmou 12 casos positivos de covid-19, adotando este perdão como uma das várias medidas tomadas pelo executivo para conter a pandemia.
A Etiópia decidiu já a quarentena obrigatória para quaisquer passageiros que cheguem ao país, assim como o teletrabalho para a maioria dos funcionários públicos.
Numa coluna de opinião publicada hoje no jornal britânico Financial Times, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Nobel da Paz de 2019, apelou para que a luta contra a pandemia seja unida e que África não seja esquecida, uma vez que, além da perda de vidas humanas, a resposta ao novo coronavírus pode significar a ruína económica de muitos Estados africanos.
“As economias avançadas estão a apresentar pacotes de estímulo económico sem precedentes. Os países africanos, pelo contrário, não dispõem de meios para fazer intervenções igualmente significativos. No entanto, se o vírus não for derrotado em África, voltará para o resto do mundo”, referiu Ahmed.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 19.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.