Portugueses na Austrália devem procurar “alternativas” em voos comerciais
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), através do gabinete da secretária de Estado das Comunidades, reiterou hoje a recomendação para que os portugueses retidos na Austrália por causa da pandemia procurem alternativas de voos comerciais.
“A situação dos cidadãos nacionais na Austrália está a ser acompanhada atentamente através da rede diplomática e consular no país, estando já identificadas as situações de algumas dezenas de nacionais que solicitaram apoio e que se encontram transitoriamente no país, como é o caso de turistas ou estudantes Erasmus”, afirmou o gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.
Em resposta por escrito a questões colocadas pela Lusa sobre os mais de 100 portugueses que se encontram retidos naquele país, o gabinete de Berta Nunes disse que “no caso concreto da Austrália, o MNE reitera a recomendação para que sejam procuradas alternativas comerciais” de voos.
Segundo a nota, o MNE está a acompanhar a situação de milhares de portugueses, numa centena de países, que solicitaram apoio na sequência das limitações às viagens aéreas e restrições introduzidas na maioria dos países do mundo.
Assim, “para conseguir dar uma resposta pronta e adequada às situações mais urgentes, é necessário definir quais as situações prioritárias”.
Neste contexto, o gabinete de Berta Nunes explicou que há casos em que os cidadãos nacionais dispõem de alternativas comerciais, como na Austrália, e outros em que estas não existem.
Para referir de seguida que o “MNE tem forçosamente que concentrar maiores esforços na busca de alternativas para os portugueses que delas [alternativas] não dispõem”.
Da mesma forma, “não pode ser concedido o mesmo tipo de apoio a um cidadão nacional que se encontra transitoriamente no estrangeiro -- e que, por exemplo, não dispõe aí de uma residência que lhe permita, por exemplo, respeitar um período de quarentena -- e um português que resida no estrangeiro”, concluiu.
Os mais de 100 portugueses retidos na Austrália e sem trabalho, por causa da pandemia da covid-19, lançaram hoje uma petição, que já conta com 679 assinaturas, a pedirem o repatriamento “com urgência”.
“Os assinantes desta petição vêm por este meio pedir ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal ajuda para voltar a Portugal”, lê-se no título do documento.
Na petição, os portugueses explicaram que, devido “ao estado de emergência mundial” relacionado com a covid-19, ficaram sem trabalho, e perante a ameaça de previsivelmente ficarem sem estadia “se suceder, como em Portugal, o encerramento das residências temporárias como ‘hostels’ e hotéis”.
Por isso, admitiram que se sentem “em perigo” e sem possibilidade de se sustentarem monetariamente por tempo indefinido, mas também por falta de meios básicos de sobrevivência, como o alojamento.
Neste contexto, consideraram precisar de “voltar para Portugal”.
“Mas os poucos voos que ainda se realizam para a Europa praticam preços exorbitantes que a maioria de nós não consegue pagar”, acrescentaram.
Além disso, mesmo para quem possa comprar passagens existe “o alto risco de cancelamento dos mesmos e a perda do respetivo montante”, reforçaram.
Na Austrália, as fronteiras dos estados fecharam, como Western Austrália (WA), sem consulado português, o que impossibilita a ajuda consular aos portugueses aí retidos, alertaram.
“Pedimos com urgência que se concretize o repatriamento dos portugueses retidos na Austrália, tal como aconteceu já noutros locais”, concluiu a petição.
Na terça-feira, os mais de 100 portugueses na Austrália, a maioria a trabalhar no país até à crise da covid-19, já tinham apelado ao Governo para que os ajudasse a regressar a Portugal, já que os serviços consulares portugueses na Austrália estavam a remetê-los para voos comerciais, que, dizem, estão a ser cancelados e “a preços muito elevados”.
O grupo, que inclui alguns turistas portugueses, encontrou-se através da rede social Facebook e agora procura, por via da plataforma Whatsapp, encontrar uma solução conjunta para o seu problema.
O “objetivo comum” é regressarem a Portugal, porque os hotéis, restaurantes e empresas onde trabalhavam fecharam, e sem salário é difícil viverem num país onde “as rendas e alimentação são muito caras”, disse à Lusa Diogo Sobral, um dos elementos do grupo.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.