Saxofonista Manu Dibando morreu vítima da pandemia
O saxofonista Manu Dibango, natural dos Camarões, morreu hoje em França aos 86 anos, vítima da covid-19, disse à France Presse Thierry Durepaire que geria a carreira do famoso músico de afro-jazz.
O autor de “Soul Makossa” (1972) - um dos primeiros temas de afro-jazz conhecido mundialmente - morreu hoje de madrugada num hospital da região de Paris.
“As cerimónias fúnebres vão decorrer de forma restrita, em ambiente familiar, mas vai ser realizada uma homenagem assim que seja possível”, refere a mensagem que acaba de ser publicada na página oficial do saxofonista na plataforma digital Facebook.
“Soul Makossa”, o tema que tornou Manu Dibango mundialmente famoso era inicialmente o lado B de um single (45rpm) que continha um hino de homenagem à equipa de futebol dos Camarões, por ocasião da Copa Africana, em 1972.
Logo após a edição do primeiro trabalho, que lhe deu o cognome de ‘Soul Makossa Man’, a música de Manu Dibango foi notada pelas estações de rádio de Nova Iorque.
Sucederam-se êxitos como “Manu 76”, “Super Kumba”, antes de atuar ao vivo no Olympia, em Paris, a consagração na capital francesa, que deu origem ao seu álbum de 1978.
“The World of Manu Dibango”, “Afrovision”, “Sun Explosion”, “Ambassador”, “Waka Juju” e “Mboa” firmaram o seu nome nos anos seguintes.
“Wakafrika”, a coletânea “African Soul” e “CubAfrica” são edições mais recentes que testemunham a capacidade de síntese de Manu Dibango, com raiz na música de tradição africana.
Nos anos 1980, Manu Dibango acusou o norte-americano Michael Jackson (1958-2009) de lhe ter plagiado uma música que fazia parte do alinhamento do álbum “Thriller” tendo o saxofonista dos Camarões conseguido um acordo financeiro como forma de compensação de direitos de autor.
O saxofonista esteve por diversas vezes em Portugal. Fez parte do cartaz do festival Lisboa Mistura, em 2014, tendo atuado no Castelo de S. Jorge, 10 anos depois de ter atuado na primeira edição do Rock in Rio.
Compôs para o filme “Nha Fala”, do realizador guineense Flora Gomes.
Manu Dibango, que trabalhou com o músico e escritor cabo-verdiano Mário Lúcio, e o grupo Simenteira do ex-ministro da Cultura, foi presença regular em Cabo Verde, onde também participou no Kriol Jazz Festival, dedicado às “músicas do mundo”.
Em 2018, atuou com o saxofonista moçambicano Moreira Chonguiça na 30.ª edição do Afrika Festival, em Würzburg, na Alemanha.
Era um dos Artistas da UNESCO para a Paz.