Diabéticos com mais de 60 anos devem cumprir “isolamento rigoroso”
A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) defendeu ontem o isolamento “rigoroso” para pessoas com “diabetes e mais de 60 anos”, por estarem no mesmo “grupo de risco dos idosos com mais de 70 anos sem patologias”.
Em comunicado, a APDP alerta para a lei que “apela ao dever especial de prevenção de doença Covid-19 das pessoas com diabetes e sugere a importância de quarentena rigorosa para as pessoas com diabetes e mais de 60 anos, considerando-as grupo de maior risco, tal como acontece com as pessoas com mais de 70 anos sem outras patologias”.
A APDP destaca ainda que as pessoas com diabetes “deve ter em casa medicação suficiente para dois meses” e que “as que estão a trabalhar poderão pedir baixa médica, se não estiverem em teletrabalho ou já de quarentena por indicação das autoridades de saúde”.
“A APDP já pediu ao Ministério da Saúde que agilizasse este processo para não obrigar as pessoas a ir ao Centro de Saúde e a clarificação das condições em que o mesmo se processará”, esclarece a associação.
Para a APDP, o “isolamento profilático” dos diabéticos, sobretudo dos que têm mais de 60 anos, “será tão mais importante se tiverem também hipertensão, doença coronária, respiratória ou cancro”.
“Só deverão sair de casa em situações de absoluta necessidade e, sempre, evitando qualquer contacto pessoal”, avisa a associação.
Citado no comunicado, o presidente da APDP, José Manuel Boavista, considera “crucial que sejam adotadas medidas de contenção social, particularmente na população mais idosa que está mais suscetível a uma fragilização do sistema imunitário devido a outras patologias”.
O responsável esclarece que “esta recomendação de quarentena advém dos dados já apurados noutros países, que demonstram que na população com mais de 60 anos e nas pessoas com doenças crónicas o risco de complicações graves e de morte aumenta.”
José Manuel Boavida acrescenta que “todas as pessoas com diabetes devem ter em casa medicação suficiente para dois meses, dado ter aumentado a previsão de duração da epidemia, assim como material de autovigilância e toda a medicação que tomam habitualmente para outras doenças, nomeadamente para o aparelho cardiovascular.”
Tal como a Direção Geral da Saúde (DGS), a APDP recomenda que é também necessário “ter medicação para a febre, como o paracetamol.”
A associação observa que os diabéticos “devem estar alerta para os sintomas da doença, que são semelhantes aos da gripe e que podem incluir febre, tosse, falta de ar e cansaço”.
“É fundamental manterem-se hidratados, controlar a temperatura corporal e fazer o registo diário da glicemia”, acrescenta.
A APDP refere ainda que esta semana vai disponibilizar um telefone para atender casos de dúvida.
A associação esclarece que, “face à pandemia da doença provocada pelo Covid-19 e para reduzir o risco de contágio, reduziu as consultas presenciais apenas para situações urgentes, passando as consultas a ser realizadas por telefone”.
“Todos os pedidos de medicamentos poderão ser feitos pelos meios habituais, podendo a farmácia da APDP entregá-los no domicílio”, dizem.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 308 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.825 mortos em 53.578 casos. Segundo as autoridades italianas, 6.062 dos infetados já estão curados.
Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.