Governo deve garantir equipamento de proteção nos lares
A Associação Nacional de Gerontologia Social apelou hoje ao Governo para que forneça equipamento de material de proteção nos lares de idosos face à pandemia da Covid-19, defendendo também planos de contingência uniformizados e mais recursos humanos.
“Os lares não estavam preparados para isto. Podemos estar a descurar um setor que pode vir a ser o maior dos problemas desta crise”, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES), Ricardo Pocinho.
Segundo o responsável, o Governo deveria assegurar o fornecimento de equipamento de material de proteção individual em todos os lares de idosos do país, por forma a diminuir o risco de contágio. Referiu a propósito que já lhe foram relatados vários casos de instituições sem qualquer máscara.
A tutela deveria estabelecer “ordens e medidas muito claras”, com planos de contingência uniformizados e com procedimentos bem definidos, vincou.
Para o presidente da ANGES, os lares deveriam descontaminar espaços interiores e exteriores com regularidade, evitar que produtos de fornecedores entrem diretamente no lar e que os trabalhadores tenham um balneário por forma a garantir que nunca usam a roupa de fora dentro do lar.
Ricardo Pocinho propõe também que sejam criadas bolsas de estudantes finalistas de cursos de áreas da saúde e ciências sociais e de profissionais das autarquias para reforçar os lares, onde se sente a falta de recursos humanos, com os funcionários a trabalharem “12 ou 16 horas por dia ou até mesmo 24 horas”, em situações de “stress e ‘burnout’”.
Questionado pela agência Lusa sobre se a entrada de mais pessoas nos lares não poderia aumentar as probabilidades de contaminar os utentes, o presidente da ANGES referiu que, com material de proteção individual, essa situação estaria salvaguardada.
“Não se pode olhar apenas para o setor da saúde. Esta barreira de contenção está entre aqueles que mais podem morrer e criar mais entropia ao Serviço Nacional de Saúde [SNS]”, salientou, considerando que é preciso garantir que o surto não se propaga para dentro destas instituições, caso contrário, o SNS não terá capacidade de resposta.
No sábado à noite foi tornado público a situação de um lar privado em Famalicão, no distrito de Braga, com 33 utentes que está sem funcionários a trabalhar, depois de oito terem testado positivo para o novo coronavírus.
Já hoje, em conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido, reforçou que os lares têm de ter planos de contingências.
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