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Oposição venezuelana quer que agricultores, médicos e enfermeiros tenham acesso a gasolina

Assim, acreditam, poderão cumprir as suas funções na prevenção do Covid-19.

Foto EPA/Miguel Gutierrez
Foto EPA/Miguel Gutierrez

A oposição venezuelana pediu hoje ao Governo do Presidente Nicolás Maduro que deixe os agricultores, médicos e enfermeiros terem acesso a gasolina para que possam cumprir as suas funções na prevenção do covid-19.

“É preciso garantir-lhes o abastecimento oportuno de combustível. Não pode todo o combustível que há na Venezuela ser usado unicamente pelos organismos de segurança do Estado”, disse o presidente da Comissão de Finanças do parlamento venezuelano.

Segundo Alfonso Marquina, os agricultores estão impedidos de fazer chegar as suas colheitas desde os municípios agrícolas a outras povoações e a grandes cidades como Caracas.

“Que entenda (o executivo) que o combustível deve também ser garantido, de maneira oportuna, aos médicos, enfermeiros e o pessoal sanitário, para que possam cumprir cabalmente as funções que o povo da Venezuela lhes solicita”, disse o deputado durante uma conferência de imprensa, em Caracas.

Marquina instou o executivo a “aplicar imediatamente cinco medidas para aliviar” a crise no país, que, disse, se agrava com a quarentena imposta aos venezuelanos.

“Pedir aos venezuelanos que fiquem em casa implica uma paralisação do sistema económico, que se separem dos trabalhos, e de ter uma remuneração permanente para acederem à alimentação”, disse.

Como primeira medida, a oposição quer “uma transferência massiva de recursos para o povo”, através de “subsídios diretos”, para quem vive ao dia, em situação de subemprego, desempregado ou na economia informal.

“Não se pode pedir aos venezuelanos que fiquem em casa se não houver uma ação de um governo que lhe estenda a mão”, frisou.

A segunda medida, o adiamento das datas para pagamento dos impostos nacionais, municipais, do IVA e sobre os rendimentos, para que as empresas que estão de portas fechadas usem esse dinheiro para pagar o salário dos empregados como se estivessem a trabalhar.

A oposição pede, em terceiro lugar, a exoneração no pagamento de taxas e impostos à importação de matéria-prima para a indústria local em particular dos setores alimentar, medicamentos e de higiene pessoal.

Como quarta medida, que seja restituído o crédito na Venezuela, que os bancos deixem de estar obrigados a depositar diariamente, no Banco Central da Venezuela, um fundo de garantia de 100% dos seus depósitos.

“Que se flexibilize, porque a banca privada não pode cumprir a intermediação financeira que lhe corresponde, para que a pequena e média indústria tenha acesso a financiamento e não entre na insolvência e que se outorguem cartões de crédito às pessoas para que acedam a bens e serviços, principalmente a comida”, disse.

Finalmente, a oposição quer que sejam eliminados os trâmites burocráticos que impedem ou atrasam a circulação e distribuição de alimentos e medicamentos no país.

Na Venezuela, país onde vive uma numerosa comunidade portuguesa, existem 70 casos confirmados de pacientes infetados com o novo coronavírus.

O país está desde 13 de março em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.

O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, prorrogáveis por igual período.

Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.

Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.

As pessoas queixam-se cada vez mais que há muitas estações de abastecimento de combustível encerrado e que as bombas não podem abastecer livremente os motoristas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 308 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram.

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