Turistas portugueses retidos em Cabo Verde preocupados com falta de medicamentos
Um grupo de dezenas de portuguesas retidos na ilha cabo-verdiana do Sal, afetados pela interdição de voos para conter a propagação da Covid-19, alertou hoje para a situação de saúde “extremamente grave” de alguns deles, na iminência de ficarem sem medicamentos obrigatórios.
“Dentro do nosso grupo de portugueses há pelo menos duas pessoas em situação clínica grave, dependentes de medicação. Esta medicação tem de ser manipulada em contexto hospitalar em Portugal, unicamente. A quantidade está a esgotar-se e termina segunda-feira”, descreveu à Lusa Mónica Pedrosa.
Só no grupo de Mónica Pedrosa, retidos no mesmo hotel, na ilha do Sal, estão mais de 40 portugueses e a preocupação tem vindo a aumentar, sem garantias de repatriamento até ao momento.
A preocupação, entre outros casos só neste grupo, prende-se com um doente cardíaco e uma grávida de risco.
Na quinta-feira, a Embaixada portuguesa em Cabo Verde anunciou que está para “breve” uma solução para repatriar as centenas de turistas portugueses que permanecem no arquipélago, afetados pela interdição de voos para conter a propagação da Covid-19.
Fonte diplomática portuguesa explicou anteriormente à Lusa que há entre 200 a 300 portugueses em várias ilhas de Cabo Verde, sobretudo no Sal e em Santiago (Praia), a aguardar viagem de regresso a casa.
Madalena Boneville, outra das turistas daquele grupo, afirmou à Lusa que os medicamentos necessários para aqueles portugueses não podem ser obtidos em Cabo Verde e que apenas tinham consigo a quantidade necessária para os dias de férias no Sal.
“A privação dos medicamentos pode dar até um ataque cardíaco. Estamos bastante preocupados, só nos dizem que é para a semana [voo de repatriamento]. O hotel fecha em princípio na segunda-feira e depois disso estamos cada um por si”, desabafou Madalena Boneville
De acordo com vários relatos de turistas feitos à Lusa, a retenção em Cabo Verde afeta sobretudo os portugueses que estavam de férias na ilha do Sal, hospedados em hotéis e com viagens canceladas essencialmente pela TAP, que devido à interdição dos aeroportos de Cabo Verde deixou de poder voar para o arquipélago.
“Após desenvolvidas várias diligências pelos governos português e cabo-verdiano, deverá ser em breve encontrada uma solução com vista a permitir o regresso a Portugal dos passageiros que adquiriam títulos de transporte antes da entrada em vigor da interdição de voos”, lê-se no comunicado da embaixada de quinta-feira.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afirmou que voos de repatriamento - que são permitidos expressamente para esse fim, sem desembarque em território cabo-verdiano -, de cidadãos estrangeiros, na sua grande maioria turistas, “têm estado a ser assegurados e realizados na sua grande parte pelas companhias aéreas que transportam turistas para Cabo Verde”.
Cabo Verde registou oficialmente até ao momento um caso de Covid-19, provocada por um novo coronavírus, na ilha da Boa Vista, e depende economicamente dos mais de 750 mil turistas que recebe anualmente. Contudo, desde quinta-feira, por decisão do Governo cabo-verdiano, e pelo menos até 09 de abril, estão proibidas as ligações aéreas oriundas de 26 países, incluindo Portugal e Brasil.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 90.500 recuperaram da doença.