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Brasil condena “ofensas” da diplomacia chinesa a Jair Bolsonaro

Foto MANDEL NGAN / AFP
Foto MANDEL NGAN / AFP

O Brasil considerou hoje “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe mensagens ofensivas ao chefe de Estado brasileiro e aos seus eleitores”, depois de o diplomata ter reproduzido uma ofensiva para Jair Bolsonaro.

O ministro brasileiro dos Negócios Estrangeiros, Ernesto Araújo, disse que o governo brasileiro tem a “expectativa de uma retratação” pela “divulgação de mensagens ofensivas ao chefe de Estado”.

O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, reproduziu na sua conta oficial no Twitter uma mensagem de um internauta que acusa a família Bolsonaro de ser o “grande veneno” do Brasil e de não representar o país.

Bolsonaro “precisa responder pela quantidade de coisas absurdas que aquela boca podre tem capacidade de regurgitar”, lê-se na mensagem, difundida por um internauta identificado como Santiago, Raull, e partilhada pelo embaixador chinês.

Na quinta-feira, a embaixada chinesa em Brasília tinha já afirmado que Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, “contraiu um vírus mental”, ao culpar a “ditadura chinesa” pela pandemia do novo coronavírus.

“As suas palavras são extremamente irresponsáveis e soam-nos familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami [Estados Unidos], contraiu, infelizmente, o vírus mental, que está a infetar a amizade entre os nossos povos”, escreveu a embaixada na conta oficial na rede social Twitter, em resposta ao filho de Jair Bolsonaro.

O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, exigiu ainda que Eduardo Bolsonaro “retire imediatamente” as palavras e “peça desculpas ao povo chinês”.

Eduardo Bolsonaro, que é deputado federal, usou a conta no Twitter para culpar o Partido Comunista Chinês pela pandemia, que comparou ao acidente de 1986 na central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, na altura parte da antiga União Soviética.

Segundo o filho do Presidente brasileiro, a China optou por “esconder algo grave” em vez de responder prontamente e evitar milhares de mortes.

“Quem assistiu a Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a central nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor e sofrer o desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas”, disse.

“A culpa é da China e liberdade seria a solução”, apontou.

O filho de Jair Bolsonaro reagiu também hoje à resposta da diplomacia chinesa, lembrando que “estimular o debate é função do parlamentar brasileiro”.

“Estimular o debate é função do parlamentar brasileiro, tendo por isso a prerrogativa da imunidade parlamentar (art. 53, CF) como garantia constitucional para que deputados possam exercer tal direito”, afirmou Eduardo Brasileiro, em resposta a um comunicado da embaixada chinesa no Brasil, através da rede social Twitter.

O deputado federal brasileiro frisou que jamais ofendeu o povo chinês e que tal interpretação é “totalmente descabida”.

“Esclareço que compartilhei a mensagem que critica a atuação do Governo chinês na prevenção da pandemia principalmente na partilha de informações que teriam sido úteis na prevenção em escala mundial”, disse Eduardo Bolsonaro.

E acrescentou: “Mesmo vivendo numa democracia com ampla liberdade de imprensa e expressão, não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil. Este apenas demonstrou irritação com meu ‘post’ e direcionou erroneamente suas energias na partilha de ‘posts’ ofensivos à honra de minha família - este sim, um fato grave e desproporcional”.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2019, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a 114.680 milhões de dólares (106.471 milhões de euros), um aumento de 3,49%, face ao ano anterior, sendo que a China exportou bens no valor de 35.476 milhões de dólares (32.936 milhões de euros), uma subida de 5,18%, e importou produtos cujo valor atingiu 79.203 milhões de dólares (73.513 milhões de euros), mais 2,76%.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, entre as quais mais de 9.800 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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