Direcção-Geral da Saúde lança manual para orientar consumo e compra de alimentos
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) lançou hoje um manual que, além de reforçar a importância das “boas práticas de higiene e segurança” para prevenir a covid-19, sugere várias orientações para o consumo, planeamento e compra de alimentos.
“Não existe propriamente uma relação entre a doença covid-19 e a alimentação, contudo, há um conjunto de dúvidas que, quer a população, quer os profissionais de saúde têm colocado relativamente à alimentação”, afirmou hoje Maria João Gregório, directora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS.
Em declarações à Lusa, a responsável explicou que foi com o objectivo de responder a estas questões que decidiram lançar este manual de orientação para a área da alimentação.
Subdividido em temas, o documento, que esclarece não existe transmissão através dos alimentos, sugere orientações para o planeamento e a compra de alimentos e seis passos para uma alimentação saudável em tempos de Covid-19.
De acordo com Maria João Gregório, a evidência científica indica que os alimentos “não são uma via de transmissão”, mas que são necessários reforços nas “boas práticas de higiene e de segurança”, especialmente no momento da compra dos alimentos.
“Não vamos ficar fechados em casa, portanto não temos de ter uma preocupação acrescida em fazer a compra de muitos alimentos e açambarcar, mas temos de modificar o nosso comportamento na compra”, afirmou, adiantando que o manual recomenda a redução “da frequência da ida às compras e um maior planeamento”.
“No momento da compra, devemos assegurar e ter em consideração algumas medidas de segurança, nomeadamente, etiqueta respiratória, cumprir as distâncias de segurança e evitar o manuseamento excessivo de alimentos. É isso que reforçamos neste manual”, referiu.
Nesse sentido, o manual sugere o cumprimento da lista de compras, a escolha de produtos e alimentos com um prazo de validade mais longo e a compra de produtos frescos.
Além destas medidas, o documento propõe ainda um ‘kit’, isto é, indica os alimentos e quantidades que são necessárias para assegurar a alimentação durante um período de 15 dias. Os alimentos seguem as orientações da roda dos alimentos e a quantidade é deixada à consideração da população, uma vez que depende da “capacidade de armazenamento” de cada família.
Paralelamente, o manual propõe “seis passos para uma alimentação saudável”, tendo por base a necessidade de a população “manter as rotinas e os horários das refeições”, bem como o aproveitamento do tempo.
Além destas duas orientações, o documento esclarece também se a alimentação pode reforçar o sistema imunitário e a questão do aleitamento materno.
Segundo Maria João Gregório, são várias as dúvidas que têm surgido quanto à importância da alimentação, especialmente, porque tem também existido “alguma desinformação”.
“Não podemos deixar de nos focar nas medidas que são importantes para prevenirmos a propagação deste vírus e da doença covid-19”, afirmou a directora, adiantando que as práticas de higiene “continuam a ser a melhor forma de prevenir a doença”.
Quanto ao aleitamento materno, face ao surto de covid-19, a responsável adiantou que, apesar de ser “pouca a evidência científica”, um estudo realizado a nove mães aponta que “o leite materno não é uma via de transmissão”.
“A experiência que temos relativamente a outros vírus respiratórios também apontam nesse sentido, mas a verdade é que existe no momento da amamentação uma proximidade que pode colocar aqui alguns riscos. É necessário, mais uma vez, reforçar todas as precauções para que esta relação próxima possa acontecer com a maior das seguranças e as mães terão, naturalmente, de ser informadas sobre os riscos e benefícios e tomar uma decisão informada”, reforçou.
Nesse sentido, o documento sugere, por exemplo, a lavagem das mãos antes e depois de cada mamada, a utilização de uma máscara durante a amamentação e a desinfecção dos objectos e superfícies usados frequentemente.
O manual aborda ainda o estado nutricional dos idosos, que, tratando-se de um grupo de risco, são aconselhados a adoptar “medidas” para reduzir o risco de contaminação.
“Sabemos que o estado nutricional dos idosos muita das vezes não é o mais adequado, portanto, neste manual colocamos um conjunto de orientações relativamente à sua alimentação”, concluiu Maria João Gregório.
Entre outras questões, o manual recomenda que este grupo etário, consuma duas a três porções de fruta por dia, que a sopa de hortícolas esteja presente nas duas refeições diárias e que devem consumir carne, pescado e ovos nas duas refeições.