Hoteleiros açorianos dizem que medidas de apoio às empresas são “sinal positivo”
Na quarta-feira, o Governo lançou um pacote de medidas para apoiar as empresas no montante total de 3.000 milhões de euros
As medidas de apoio às empresas anunciadas pelos Governos da República e dos Açores devido à pandemia de covid-19 são um “sinal positivo”, disse hoje o delegado da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) no arquipélago.
“As medidas ainda não são as necessárias, nem vão ser as suficientes para responder a todo esse problema. De qualquer maneira, são um sinal positivo, não só a nível de Governo central como do Governo Regional que está num esforço de complementar as medidas nacionais”, afirmou à agência Lusa Fernando Neves.
Na quarta-feira, o Governo lançou um pacote de medidas para apoiar as empresas no montante total de 3.000 milhões de euros, sendo que para o sector do turismo (em que estão incluídos os empreendimentos e alojamentos turísticos) foram disponibilizados cerca de 900 milhões, 300 dos quais destinados a micro e pequenas empresas.
Depois, na quinta-feira, o Governo dos Açores lançou sete medidas complementares para apoiar as empresas da região, entre as quais a criação de uma linha de apoio à manutenção do emprego (para reembolsar as empresas que recorram a linhas de crédito), de um apoio urgente à tesouraria (adiantamento reembolsável equivalente a 90% do salário mínimo) e de um complemento regional ao regime de ‘layoff’ simplificado (suspensão temporária da actividade) existente a nível nacional.
Para Fernando Neves, serão necessárias “medidas substanciais” para enfrentar o “turbilhão” provocado pela covid-19, sendo que a “primeira preocupação” deve ser a manutenção dos postos de trabalho, até porque “o grande custo de um hotel são os seus recursos humanos”.
“A primeira preocupação tem de ser manter os recursos humanos, manter postos de trabalho. Essa tem de ser uma preocupação quer do governo e também dos próprios empresários, ainda para mais ao quererem manter a sua capacidade produtiva”, destacou.
Referindo que “dentro de uma semana” os hotéis açorianos estarão “completamente vazios”, o hoteleiro prevê um ano “completamente perdido” em termos de receita e avisa que as empresas só irão “recuperar a muito longo prazo”.
“Será um ano completamente perdido para os hotéis dos Açores, um ano completamente perdido para a Madeira, para Portugal continental, para a Europa, quase para o mundo. É transversal e isso pode-nos ajudar a todos nós, porque não estamos sozinhos”, apontou.
O empresário salientou que os hotéis “não podem ficar completamente encerrados”, uma vez que internamente será necessário proceder a trabalhos de manutenção, limpeza e segurança.
Fernando Neves frisou a importância de “dar uma imagem positiva e de vontade” de modo a contrariar o sentimento de receio e o alarmismo que diz sentir nos funcionários das unidades hoteleiras.
“Se nós conseguirmos ter boas ideias ao nível de vacinas, de medicação, e se as coisas acalmam, as pessoas rapidamente vão esquecer e vão continuar a consumir e a viajar, e isso vai ser apenas uma má recordação”, destacou.
Sobre casos de incumprimento da quarentena obrigatória declarada pelo Governo dos Açores, o delegado da AHP disse que “não existiram muitas situações” de desobediência de turistas registadas nos hotéis da região.