E se?
1. Disco: saiu, no passado dia 21, depois de 10 anos de interregno, o novo disco de Ozzy Osbourne. Não ia à espera de muito. Enganei-me. É excelente, para quem gosta do género. Em sequência, todos os temas que Osbourne adora: o macabro, a morte, o terror, etc. Destaque para a faixa que dá nome ao álbum em dueto com Elton John. De chorar por mais...
2. Livro: Iron Rinn, o protagonista de “Casei com um Comunista”, segunda parte da Trilogia Americana de Philip Roth, é um dos perseguidos pelo macarthismo. Um livro complexo que lida com um dos mais negros períodos da história dos Estados Unidos.
3. O modelo de um Estado universal e homogéneo, que tem sido o da construção europeia, e uma PAC (Política Agrícola Comum) sem sentido, a par com a introdução do euro como moeda única, está a dar o que tinha a dar. Espremendo não há muito o que tirar.
A saída do Reino Unido do espaço comum, também não ajuda em nada este panorama sombrio. Mau tanto para uns como para outros, embora não seja difícil de adivinhar qual o caminho que os britânicos pretendem tomar: impostos baixos e regulação mínima. O que o Conselho Europeu devia estar agora a pensar é em como vai reagir a isto, em como responder a essa espécie económica de “enemy at the gates”.
A Europa virou-se para dentro. Subsidia a torto e a direito, criando uma ordem de viciados no subsídio a roçar o absurdo. Estamos fracos e dependentes da China e dos Estados Unidos. Há dez anos, representávamos cerca de 30% do PIB mundial. Com estas políticas e com a recente saída do RU descemos, preocupantemente, para 18%.
Temos que recuperar o terreno perdido. Impulsionar a economia europeia, é a mais importante tarefa do momento. É isso que vemos? Não. O Conselho Europeu reuniu para discutir, não como sair disto, mas como se deve distribuir o bolo. Como se isso fosse o mais importante.
Em tão relevante tabernáculo, até se constituiu um grupo, mais ou menos, informal. Uns tais “Amigos da Coesão”, que querem mais dinheiro para gastar nas inutilidades do costume. Mais dinheiro para subsidiar o de sempre. Dinheiro que não existe, dinheiro que não estica, que não nasce numa qualquer “árvore das patacas”. A coesão faz-se criando riqueza, não desperdício.
É urgente libertar o nosso potencial de crescimento, recuperando o tempo perdido. Ou a Europa, rapidamente, cria mecanismos efectivos de desenvolvimento económico, ou o futuro não lhe augura nada de bom.
Mas há quem ande preocupado com gabinetes de representação...
4. Em alguns debates que vou tendo por aí, uma das acusações que acabam por me fazer é que sou um neoliberal. Não sei o que isso é. E isso chateia-me. Que me chamem teimoso, casmurro, obstinado, convencido, idiota, vá que não vá. Tenho um pouco de tudo isso. Agora neoliberal quando sou, isso sim, profundamente liberal, é coisa que me tira do sério.
O neoliberalismo converteu-se num mito, deixou de ser uma realidade e transformou-se numa entidade nebulosa, inconsequentemente definida, aplicada a diferentes tipos de conjunturas e políticas vagamente caracterizadas como pertencendo ao domínio do “mercado livre”, em oposição ao que seria uma regulação estatal mais estreita. O neoliberalismo e a “mão invisível” de Smith, essa terrível e temível ferramenta de imposição de um capitalismo feroz e desregulado, que mais não é do q ue a “lei da oferta e da procura”.
Ninguém é neoliberal porque lhe apetece sê-lo. Um neoliberal só o é se os donos da verdade, normalmente à esquerda, assim o decidirem, pois, são quem detém o monopólio dessa classificação. Uma espécie de bicho-papão da política.
Alguma direita acusa os comunistas de “comerem criancinhas ao pequeno-almoço” e agora a esquerda arranjou uma figura para diabolizar, à direita, o defensor do mercado livre que define como neoliberal, valendo isso o que vale: muito pouco.
Sou liberal “tout court” porque acredito que tudo na nossa vida deve estar sustentado na liberdade, que devo ter de decidir o que é melhor para mim. Ser liberal não é só ter uma agenda económica é, também, ter uma agenda social e uma outra política e cultural.
5. E se?
E se, no PS Madeira, o Me e o Mini-Me tivessem rompido a relação que serviu para que o segundo tivesse carregado às costas com o primeiro?
E se, no PS Madeira, a JS, liderada pelo Mini-Mini-Me, filho de Mini-Me, não apoiar o Me como futuro líder dos socialistas madeirenses?
E se, no PS Madeira, ninguém quiser o Picareta?
E se, no PS Madeira, o Self-Made de Água de Pena se tiver afastado de Me, pois colocou como condição de apoio a queda do actual edil de Machico?
E se, no PS Madeira, as coisas com a Câmara do Funchal não correrem sobre rodas tendo, há poucos dias, ocorrido uma cena entre o Presidente e o eminente cardeal, que envolveu uns decibéis a mais?
E se, no PS Madeira, já houver quem se ande a pôr em bicos dos pés para ser candidato ao Funchal?
E se, no PS Madeira, não fosse sempre a mesma coisa: o PS Madeira a ser PS Madeira?
E diz que vinha lá um D. Sebastião careca para unir aquilo tudo.
6. Muitas vezes o passado corre atrás de nós e acaba por nos apanhar, ao virar de uma esquina. Foi assim com Mário Pereira, nesta novela da Saúde que mais parece um daqueles filmes de série B muito mal feitos. Daqueles que já toda a gente percebeu qual é o final e se arrasta, arrasta, arrasta e nunca mais acaba.
Quer dizer, não acaba para nós, comuns mortais. Para Mário Pereira, a coisa afina de outra maneira. Se não há pão, come brioches e, numa questão de horas, salta de Director Clínico do SESARAM para presidir à Comissão de Acompanhamento do Novo Hospital.
Se isto não é do mais baixo tachismo de que há memória, vou ali vomitar e já venho.
7. Já estou como o meu amigo Francisco, ou o coronavírus chega depressa a este cantinho à beira-mar plantado, ou quem vai a Itália (porque é mais perto) esfregar-se em tudo o que for doente sou eu, para trazer o bicho para cá.
Fazia assim o gáudio de quase toda a comunicação social que podia continuar a espalhar o alarmismo sem sentido de que se alimenta.
Seria levado em ombros pelos adoradores de Teorias da Conspiração que andam por aí a apregoar que já há casos confirmados em Portugal e que o governo os esconde. Num país em que tudo se sabe quase por antecipação. Onde ainda vamos ver o dia em que a CMTV há-de chegar ao acontecimento antes deste ocorrer.
Com sorte ainda tenho direito a um abracinho e a uma selfie com o Presidente. Com bata, máscara e luvas.
8. Rui Unas, de visita à Madeira, teve a oportunidade de receber o Secretário Regional do Turismo e Cultura.
9. “(...) A liberdade é tudo, na religião, na filosofia, na literatura, na indústria, na política – e, por liberdade, refiro o triunfo do indivíduo tanto sobre uma autoridade que deseja governar por meios despóticos como sobre as massas que reivindicam o direito de fazer a minoria se subjugar à maioria... A maioria tem o direito de obrigar a minoria a respeitar a ordem pública, mas tudo que não perturba a ordem pública, tudo que é apenas pessoal, como as nossas opiniões, tudo que, ao apenas dar expressão às opiniões, não causa dano a outros provocando a violência física ou opondo opiniões contrárias, tudo que, na indústria, permite a uma indústria rival prosperar livremente – tudo isso são coisas de que um indivíduo não pode abrir mão em favor do poder do Estado” – Benjamin Constant