Marcelo apela à “coragem” dos portugueses contra vírus e “inimigo” do “desânimo”
O Presidente da República pediu ontem “resistência” e “coragem” aos portugueses para combaterem “a guerra” contra a pandemia de Covid-19 em Portugal, contra “o inimigo” do “desânimo, cansaço e fadiga” e ajudar a “salvar vidas”.
No dia em que decretou o estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma comunicação ao país para explicar a sua decisão e apelar o ânimo dos cidadãos nesta situação de excepção que pode passar pelo confinamento em casa e restrição na circulação pelas ruas, a exemplo de Espanha e Itália.
Na sua declaração, de 13:40 minutos e em que usou por nove vezes a palavra “guerra”, o Presidente lembrou que os “especialistas são claros” ao dizerem que “depende da contenção nestas próximas semanas” conseguir-se “encurtar prazos, poupar pacientes e, sobretudo, salvar vidas”.
“Temos todos de fazer por contribuir para ir o mais longe e o mais depressa possível nesta luta desigual” contra a doença, pediu.
Marcelo disse ainda que “o Estado está a ajudar a economia a aguentar estes longos meses mais agudos”, através das medidas já anunciadas pelo Governo, “fazendo o que possa para proteger o emprego, as famílias e as empresas”.
Mas os portugueses, pediu, também têm de fazer a sua parte: “Não parar a produção, não entrar em pânicos de fornecimentos como se o país fechasse, perceber que limitar contágio e tratar de contagiados em casa é e tem de ser compatível com manter viva a nossa economia.”
“É assim em tempo de guerra, as economias não podem morrer”, afirmou.
O Presidente terminou “com um pedido”, mais uma vez usando uma linguagem de “combate”.
“Nesta guerra, como em todas as guerras, só há um efetivo inimigo, invisível, insidioso e, por isso, perigoso. Que tem vários nomes. Desânimo. Cansaço. Fadiga do tempo que nunca mais chega ao fim. Temos de lutar, todos os dias, contra ele. Contra o desânimo pelo que corre mal ou menos bem. Contra o cansaço de as batalhas serem ainda muitas e parecerem difíceis de ganhar. Contra a fadiga que tolhe a vontade, aumenta as dúvidas, alimenta indignações e revoltas”, enumerou.
Deixou a promessa de que, além da “resistência, solidariedade e coragem” serem as “palavras de ordem”, a verdade é outra delas, negando a velha máxima de que, numa guerra, a verdade é a primeira baixa.
“Nesta guerra, ninguém mente nem vai mentir a ninguém”, afirmou.
Por fim, quis deixar um exemplo, que relatou na primeira pessoa do singular.
“O exemplo da neta, enfermeira, que, no dia em que perdeu o seu avô, a primeira vítima mortal, me dizia: ‘Presidente, já só faltam nove dias para eu regressar à luta’”.
Portugal regista dois mortos em 642 casos de infeção pelo novo coronavírus, de acordo com o boletim de ontem da Direção-Geral da Saúde referente aos efeitos da pandemia no país.
A nível global, o coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 200 mil pessoas, das quais mais de 8.200 morreram.