Bispo de Viana do Castelo pede a fiéis que criem igrejas em casa
O bispo de Viana do Castelo propôs hoje aos fiéis do distrito que criem igrejas “domésticas” para fazer face ao confinamento no domicílio a que estão sujeitos devido à pandemia da Covid-19.
Em comunicado enviado hoje, Anacleto Oliveira propõe “que se definam momentos e lugares de oração e se preparem esses momentos e lugares com textos, preferencialmente bíblicos, e símbolos, como imagens, estampas, flores ou outras ornamentações”.
“De tal modo que o espaço em que rezamos em casa se pareça com o de uma igreja e a família seja o que deve ser, uma igreja doméstica, como família cristã que é”, sugere o bispo.
A diocese de Viana do Castelo, fundada através de uma bula do beato Paulo VI, publicada a 03 de novembro de 1977, abrange os 10 concelhos do Alto Minho.
A diocese mais jovem do país integra 291 paróquias espalhadas pelos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo e tem cerca de 120 sacerdotes.
Anacleto Oliveira propõe ainda que, na missa dominical, os fiéis sigam “uma das muitas celebrações”, transmitidas pela televisão ou via Internet, “não apenas assistindo, mas participando, rezando, cantando” e vestindo-se “do mesmo modo” como quando vão à igreja “e fazendo os mesmos gestos que se fazem na igreja”.
“Se assim for, será uma verdadeira missa, excetuando na comunhão eucarística que, nestas circunstâncias, terá de ser espiritual”, reforça.
O bispo da diocese de Viana do Castelo apela ainda à ocupação “útil e construtiva” do tempo e à partilha de “experiências” que ajudem nesse sentido.
“Hoje, felizmente, não há fronteiras na comunicação, e com a vantagem de estarem imunes de contágio viral. Troquemos ideias e experiências - como vários sacerdotes e fiéis leigos já estão a fazer - e teremos ainda mais o que é essencial à vida, agora mais do que nunca, nesta guerra em que todos nos encontrarmos: a união que, se for em e com Deus, será muito maior”, especificou.
Para o bispo Anacleto Oliveira, a declaração do estado de emergência é uma situação à qual a “maioria não está habituada”, mas que todos devem “respeitar”.
“Agora, obrigam-nos a estar juntos: o marido com a esposa, os pais com os filhos e os filhos com os pais e, eventualmente, os avós. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana e várias semanas por mês. Quantas? Nem sabemos (...). Por isso, fiquemos mesmo em casa”, apela.
O sacerdote aponta a implementação de regras para que “a vida em casa não se torne cansativa e insuportável”.
“Antes de mais, organizando o dia-a-dia, com horas para tudo o que for necessário e possível. Mas cada coisa na sua hora e umas em comum, outras individualmente. Passar o tempo à deriva, ao ritmo do que me vai apetecendo, tornar-se-á aos poucos fastidioso, insuportável. Organizemos previamente o nosso dia-a-dia, particularmente se temos crianças entre nós. Que bela oportunidade para serem ainda mais educadas a terem regras e a segui-las”, refere.
Anacleto Oliveira manifestou ainda “todo” o seu apoio e agradecimento “aos profissionais de saúde e seus colaboradores”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.
O surto começou na China, em dezembro de 2019, e espalhou-se já por 173 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou na quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje.