Ordem dos Enfermeiros alerta para situação dos filhos dos profissionais de saúde
A Ordem dos Enfermeiros manifestou hoje à tutela o medo que os profissionais de saúde estão a sentir por terem de colocar os filhos em escolas desconhecidas, em contacto com outras crianças, colocando-as em risco de contágio por Covid-19.
A Ordem dos Enfermeiros denuncia também, em comunicado, que algumas unidades de saúde estão “a impedir os pais de gozarem períodos alternados de assistência, ainda que se verifique a inexistência de solução que garanta a segurança dos seus filhos menores”.
Desde 15 de março, dia em que saiu o despacho relativo à colocação de filhos de profissionais de saúde em estabelecimentos de ensino, que a OE tem recebido “centenas de e-mails que relatam uma situação de medo, preocupação e injustiça entre os profissionais de saúde”, refere a ordem em comunicado.
Numa carta enviada à ministra da Saúde, Marta Temido, a ordem manifesta “perplexidade com as medidas enunciadas” no despacho que coloca as crianças “em estabelecimentos de ensino que não se encontram preparados para os receber”.
“Espera-se que mães e pais deixem os seus filhos menores, alguns com poucos meses de vida, em estabelecimentos de ensino completamente desconhecidos, sujeitos ao contacto com outras crianças numa altura em que se exige distanciamento”, questiona.
A ordem refere que, “não obstante o espírito de colaboração e cooperação que se exige neste momento”, não pode deixar de manifestar a sua discordância com esta situação, alertando para uma questão que coloca em risco os filhos dos profissionais de saúde e os próprios, numa altura em que estes se encontram na linha da frente de combate ao novo coronavírus.
“Estes estabelecimentos não possuem nenhuma das condições legalmente exigidas para receber menores das idades referidas, designadamente equipamentos de proteção individual, sem profissionais habilitados e com horários de funcionamento incompatíveis com os turnos dos profissionais de saúde, não cumprindo, assim, as condições de segurança legalmente exigidas para estes espaços, sendo suscetíveis de aumentar o perigo de contágio pelo Covid-19”, sublinha.
“Face a esta situação, que está a revoltar os Enfermeiros”, a OE solicita ao Ministério da Saúde que “clarifique, com urgência, as medidas do referido despacho, bem como a adoção de medidas alternativas, de forma a proteger os filhos dos profissionais de saúde e pondo um ponto final no clima de medo e insegurança, de todo dispensável nesta altura”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.
Em Portugal, há 642 casos confirmados de infeção e dois mortos.
A Assembleia da República aprovou na quarta-feira o decreto de declaração do estado de emergência que lhe foi submetido pelo Presidente da República com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19.
O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 02 de abril, segundo o decreto publicado quarta-feira em Diário da República, que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório compulsivo dos cidadãos em casa e restrições à circulação na via pública, a não ser que tenham justificação.
As medidas que concretizam o estado de emergência serão aprovadas hoje em Conselho de Ministros.