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Agência Moody’s baixou vários ‘ratings’ e a perspetiva da TAP

“Acreditamos que a TAP vá precisar de apoio dos seus acionistas durante o segundo trimestre”, afirma a agência

ANTÓNIO COTRIM/LUSA
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A agência de notação financeira Moody’s baixou hoje vários ‘ratings’ e a perspetiva da TAP, incluindo o de probabilidade de incumprimento, citando a exposição ao Brasil, Estados Unidos e Europa como agravante em pleno surto de Covid-19.

“A Moody’s desceu hoje os ‘ratings’ de Probabilidade de Incumprimento e de Família Empresarial da TAP para Caa1-PD e Caa1, de B2-PD e B2, respetivamente. Concordantemente, a agência baixou a Avaliação Base de Crédito para Caa2 de B3 e o ‘rating’ associado a obrigações seniores sem garantia, de 375 milhões de euros, para Caa2 de B2. A perspetiva é negativa”, pode ler-se no comunicado da agência.

Segundo a Moody’s, “a fraqueza no perfil de crédito da TAP, incluindo a sua exposição ao Brasil, aos Estados Unidos e à Europa deixou-a vulnerável a mudanças no sentimento do mercado, nestas condições de operação sem precedentes, e a TAP continua vulnerável à continuação do surto [de Covid-19]”.

“A ação [da Moody’s] de hoje reflete o impacto na TAP do alcance e da severidade do choque, e a ampla deterioração na qualidade do crédito que foi desencadeada”, completa a agência de notação financeira norte-americana.

A análise da agência de notação financeira assume que haverá “uma redução de cerca de 50-60% no tráfego de passageiros da TAP no segundo trimestre e uma queda de 20% no ano todo, colocando em hipótese casos negativos significativos como uma paragem total da frota durante o segundo trimestre”.

“Acreditamos que a TAP vá precisar de apoio dos seus acionistas durante o segundo trimestre”, afirma a agência.

Segundo a empresa, a mudança na avaliação da TAP “foi suscitada pelo declínio muito agudo no tráfego de passageiros desde o começo do surto do coronavírus em janeiro de 2020, que vai resultar num fluxo de caixa negativo significativo em 2020, um perfil enfraquecido de liquidez e uma alavancagem significativamente mais alta”.

“Os ‘ratings’ anteriores da TAP foram baseados na expectativa de melhoria de métricas de crédito e geração de fluxo de caixa, que já não é exequível”, argumenta a Moody’s, relevando que “a TAP sentiu a exposição” ao surto “mais tarde do que outras companhias com exposição à região Ásia-Pacífico, mas foi atingida severamente desde que o surto começou a espalhar-se pela Europa”.

Referindo a proibição de viagens para os Estados Unidos, a Moody’s revela igualmente que “a TAP também vai ser afetada pela depreciação aguda do Real brasileiro em relação ao dólar americano e ao euro nas últimas semanas”.

“A Moody’s antecipa também que a indústria da aviação vá requerer apoio aprofundado e continuado de reguladores, governos nacionais e representantes laborais para aliviar pressões na alocação de faixas horárias, providenciar apoio financeiro direto ou indireto e gerir os custos de base das companhias aéreas”, pode também ler-se na nota.

O Grupo TAP registou prejuízos de 105,6 milhões de euros em 2019, uma melhoria de 12,4 milhões de euros face às perdas de 118 milhões registadas em 2018 pela companhia aérea, divulgou a TAP SGPS em 20 de fevereiro.

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