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Cabo Verde pode entrar em recessão se o turismo cair perto de 30%

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A agência de notação financeira Standard & Poor’s considera que a economia de Cabo Verde deverá registar um abrandamento do crescimento económico este ano, que pode mesmo ser negativo em caso de quebra mais acentuada no turismo.

De acordo com o relatório da agência de notação financeira sobre o impacto da queda acentuada do turismo nos maiores destinos turísticos mundiais, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a quebra no crescimento do PIB de Cabo Verde para este ano pode ir de 2,73 pontos percentuais do PIB caso o turismo abrande 11%, até uma queda de 6,71 pontos se o fluxo de turistas cair 27%.

Para este ano, o Banco Africano de Desenvolvimento antecipava, antes da crise da Covid-19, um crescimento de 5%, em linha com a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), e dentro do intervalo apontado pelo Governo (de 4,8% a 5,8% do PIB), que já na semana passada admitia rever estas previsões.

Numa mensagem divulgada no dia 12, o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, lembrou que a “situação que o mundo atravessa terá, certamente, um impacto muito grande na economia cabo-verdiana”, profundamente dependente dos mais de 750 mil turistas que recebe anualmente.

O ministro acrescentou que o Governo está a trabalhar “na mobilização de parceiros internacionais”, nomeadamente com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), para que se possa “mitigar o efeito do novo coronavírus na economia cabo-verdiana e, sobretudo, nas pessoas”.

Embora assumindo que o Governo tem determinação para encontrar soluções para o cenário atual, para “medidas de contingência” de forma a “dar ao país um quadro macroeconómico estável” e “executar os investimentos, ajustando o Orçamento em função desta nova realidade”, Olavo Correia deixou o alerta: “Estamos cientes em como, acima dos três anos seguidos de seca que o país enfrenta, o efeito do coronavírus não vai ser fácil”.

Na nota, a S&P confirma que “as economias insulares mais pequenas parecem ser as mais expostas a um abrandamento no turismo”, como é o caso de Cabo Verde, um dos 16 países que têm receitas superiores a 25% vindas dos turistas internacionais.

Já esta semana a S&P tinha dito que, “em termos relativos, Aruba, Bahamas, Barbados, Cabo Verde e as ilhas Fiji teriam provavelmente as maiores descidas nas métricas de análise de crédito”, colocando também Portugal no segundo grupo mais de países mais afetado pela quebra generalizada no turismo mundial.

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