Um muito obrigado!
há um grupo profissional que se tem destacado pela positiva e esse é o dos profissionais de saúde na sua generalidade
O artigo que tinha planeado para este mês, que se está manifestando social, clínica e psicologicamente tão desastroso, era de particular negatividade. No entanto, em vez de estar a “carregar” nesta acumulação de pessimismo, deixarei esse tema para quando todo o pânico estiver mais controlado e, agora, vou dedicar este artigo a todos os profissionais de saúde (sejam eles médicos e enfermeiros, sejam assistentes de limpeza ou outros elementos que eventualmente não me esteja a lembrar de momento) que no presente estão a desempenhar o papel de guerreiros-salvadores nesta guerra “viral”.
Avanço desde já que a minha posição, como de costume, é a do centro: acho que, motivados pela media convencial e pela não tão convencional (as redes sociais do “ouvi dizer que...”), a população está a ficar completamente insana e descontrolada em relação a um vírus que acreditam ser mais letal do que realmente é (ao ponto de se fiarem mais em rumores do que naquilo que a Direção Geral da Saúde e a Organização Mundial de Saúde afirmam) e também acho que, por outro lado, há pessoas que simplesmente não percebem o potencial perigo em que o COVID-19 se pode vir a tornar devido aos seus comportamentos de risco intencional. Porque, diga-se, há ainda quem acredite que espirrar e tossir para o ar é algo completamente legítimo, seja em tempos de alarme, seja em tempos normais (vou optar por nem analisar a estupidez em relação à realização de uma “Corona Party” nem da expedição em massa às praias no pós-encerramento das universidades portuguesas).
Contudo, no meio de tanto caos aparente, há um grupo profissional que se tem destacado pela positiva e esse é o dos profissionais de saúde na sua generalidade. Este grupo, além de ser a principal resposta ao tratamento dos infetados (e que, na concretização do juramento hipocrático, se colocam mais em risco do que qualquer outra pessoa), tem demonstrado uma atitude louvável que não permite outra reação se não a do levantamento do espírito de orgulho patriótico. Além do retorno de médicos já aposentados, assistimos também ao apoio por parte dos estudantes de Medicina (já aptos) como é o caso dos da Universidade do Algarve sem esquecer o trabalho de todos os enfermeiros (uma profissão tradicionalmente ignorada ou até subestimada por esse mundo fora) que também todos os dias estão lidando com esta nova ameaça nem o das equipas de auxiliares de limpeza encarregues da ingrata missão de desinfetarem os espaços hospitalares, muitas vezes sem disporem da segurança mínima para o efeito.
Além do papel convencional destes profissionais, há outro que acho que merece realce: o da contenção do pânico que alastra pelos meios de comunicação informais – as redes sociais. Podemos dizer que enquanto certas cadeias televisivas, que aqui não serão destacadas, mas que toda a gente saberá quais são, gostam de passar filmagens de pessoas a cair “mortas” a meio de ruas de países que em nada se comparam a Portugal ao som de bandas sonoras trágicas, estes profissionais optam por espalhar recomendações moderadas e uma visão objetiva da realidade portuguesa deste vírus. Pessoalmente, estas recomendações já me serviram de muito e talvez, se mais gente prestasse atenção e lesse estas recomendações em vez de andar a partilhar curas milagrosas que um idoso místico asiático “supostamente” divulgou (porque é óbvio que o ancião aproveitou o tempo para criar uma conta de Facebook para partilhar a sua cura para o coronavírus à base de gengibre), talvez a pandemia estivesse mais contida e certamente existiria menos pânico.
Fica aqui o meu agradecimento a este grupo que, como uns dirão, “não estão a fazer mais que o seu trabalho” (diga-se que por acaso estão, quando tentam conter o pânico), mas é um trabalho que neste momento, poucos quereriam ter.