Estado de emergência é “sinal político”, mas não “solução milagrosa”
O Presidente da República considerou hoje que a declaração do estado de emergência em Portugal é um “sinal político forte de unidade” na “guerra” contra os efeitos da pandemia da Covid-19, mas não uma “solução milagrosa”.
Numa comunicação ao país a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, no dia em que decretou o estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a decisão, que admitiu “dividir os portugueses”, como um “sinal político forte de unidade do poder político” e que previne “situações antes de poderem ocorrer”.
“Não é, porém, uma vacina nem uma solução milagrosa que dispense o nosso combate diário” que passa pelo “apoio reforçado” ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou pela responsabilidade de todos continuarem a “tentar limitar o contágio” da doença que já fez dois mortos em Portugal.
Para o Chefe do Estado, este é “também um sinal democrático”, “pela convergência dos vários poderes do Estado” e “porque é a democracia a usar os meios excecionais que ela própria prevê para tempos de gravidade excecional”.
“Não é uma interrupção da democracia. É a democracia a tentar impedir uma interrupção irreparável na vida das pessoas”, afirmou, numa resposta aos alertas quanto a possíveis riscos da declaração do estado de emergência.
“Não é, porém, uma vacina, nem uma solução milagrosa, que dispense o nosso combate diário, o apoio reforçado ao Serviço Nacional de Saúde, a capacidade de pessoas e as famílias continuarem a tentar limitar o contágio, para que os números a crescer cresçam menos do que os piores cenários e para que o tratamento possa ser, cada vez mais, em casa. Tudo mais cedo do que mais tarde”, concluiu.
Esta é a primeira vez que o estado de emergência é decretado em democracia em Portugal.
As cinco razões de Marcelo para o estado de emergência
O Presidente da República fez questão ainda de acrescentar as cinco razões para propor e decretar o estado de emergência em Portugal para combater a pandemia de Covid-19, solidariedade, prevenção, certeza, contenção e flexibilidade.’’’
Marcelo Rebelo de Sousa falou durante 13:40, numa comunicação aos portugueses, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, para explicar os motivos da sua decisão para conter a pandemia e os seus efeitos na economia e na sociedade.
A primeira é o “reforço da solidariedade dos poderes públicos e deles com o povo”, justificando que Portugal precisa de “aprender com os outros” países que, enfrentaram a epidemia há mais tempo e com “passos graduais”, e agora adotar medidas fortes.
“Mesmo parecendo que pecamos por excesso”, disse.
A segunda razão foi a prevenção, para que o executivo de António Costa, que tem “uma tarefa hercúlea” pela frente, possa “tomar decisões” com rapidez, “ajustadas” e que seja “necessárias no futuro”.
Em terceiro ligar, a “certeza”, dado que é preciso prever que um “quadro legal de intervenção” e garantir que, no futuro, não venha a ser “questionado o fundamento jurídico” das decisões.
Em quarto lugar está a “contenção”, de forma a garantir que o decreto de estado de emergência não “atinge o essencial dos direitos fundamentais”.
Por último, em quinto lugar, o decreto garante flexibilidade na reavaliação da situação do país dentro de 15 dia pelo Governo, tendo em conta a evolução da pandemia.