Declarado estado de calamidade em Ovar
O Governo declarou hoje estado de calamidade pública para o concelho de Ovar, anunciou o ministro da Administração Interna.
Em conferência de imprensa, Eduardo Cabrita explicou que a aplicação de situação de calamidade significa “a criação de uma situação de cerca sanitária aplicada a todo o município e o estabelecimento de um conjunto de restrições a atividades económicas e à circulação de pessoas”.
Segundo o ministro, a situação de cerca significa que os residentes no município estão impedidos de sair de Ovar. Apenas está autorizada a entrada de habitantes que estiveram fora do concelho durante um largo período de tempo e queiram regressar definitivamente a casa.
“Salvo um conjunto de situações excecionais, como profissionais da saúde, das forças de segurança ou de socorro, abastecimento de áreas que devem continuar em funcionamento, como supermercados e postos de combustíveis, está vedado o acesso a Ovar”, disse o ministro da Administração Interna, numa declaração à comunicação social, juntamente com a ministra da Saúde, Marta Temido.
Como exemplo, referiu que a linha de comboios do Norte vai continuar a operar, mas nas estações situadas no município de Ovar, não haverá entrada nem saída de passageiros.
Dentro do concelho, em que caberá à GNR e à PSP fazer cumprir as restrições à circulação, as pessoas podem deslocar-se para comprar bens essenciais, como comida e medicamentos, e para ir trabalhar em locais igualmente essenciais, como hospitais, centros de saúde, bombas de gasolina, bancos, supermercados, padarias e serviços de abastecimento de água e luz.
Eduardo Cabrita, manifestou solidariedade “num momento difícil” e apelou para a compreensão dos habitantes do concelho de Ovar.
As restrições à atividade económica e à circulação de pessoas têm efeito imediato e vigoram até 02 de abril, podendo eventualmente ser prorrogadas se a autoridade de saúde regional do Centro entender ser necessário.
Questionado pela Lusa sobre se a declaração de situação de calamidade poderá ser estendida a outros concelhos face à evolução epidemiológica da Covid-19 em Portugal, o ministro referiu que se trata de “um instrumento” entre vários de que o Governo dispõe e que “não deixarão de ser utilizados quando forem necessários”.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que foi registada a primeira morte no país.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim epidemiológico da DGS, há 6.852 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 19 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais uma do que no domingo.
A Covid-19, que causa infeções respiratórias como pneumonia, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde.