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Produção Industrial da China regista maior queda desde que há registo

Desde 1990, nunca houve dois meses como os primeiros de 2020, com quebra de 13,5% por causa do Covid-19

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A produção industrial da China registou nos dois primeiros meses do ano o maior declínio em três décadas, devido às medidas para travar a propagação do surto do novo coronavírus, foi hoje anunciado.

De acordo com o Gabinete de Estatísticas chinês (GNE), o indicador registou uma contração de 13,5%, um número muito abaixo das previsões dos analistas, que apontavam para um crescimento de cerca de 1,5%, durante o mesmo período, e que representa a maior queda desde o início dos anos 1990, quando começou a haver registos.

“É um número muito inferior ao previsto e aponta para uma recessão mais profunda do que durante a crise financeira internacional de 2008”, apontou a consultora britânica Capital Economics, num relatório.

Entre janeiro e fevereiro passados, a taxa de desemprego subiu para 6,2%, enquanto as vendas a retalho e o investimento em ativos fixos caíram 20,5% e 24,5%, respetivamente.

Os números estão muito abaixo das expectativas dos analistas e muitos observadores expressaram surpresa perante a decisão do Governo chinês de expor números tão devastadores.

“Assumimos que o Gabinete de Estatísticas chinês estaria relutante em revelar integralmente a quebra na atividade económica, pois isto torna as metas oficiais de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] impossíveis”, explicou a Capital Economics.

Nos dois primeiros meses do ano, o setor dos serviços contraiu 13%.

Tendo em conta a soma dos serviços e da produção industrial, os dados sugerem que o crescimento do PIB chinês se fixou em menos 13%, entre janeiro e fevereiro.

“O choque real pode ser muito maior do que sugerem os números profundamente negativos registados entre janeiro e fevereiro, porque as medidas de prevenção começaram apenas a partir de 23 de janeiro”, disse o economista-chefe do grupo de serviços financeiros japonês Nomura, Ting Lu.

As autoridades de Pequim têm relativizado os dados, apontando que o impacto é temporário, mas os números terão um efeito profundamente negativo nas perspetivas económicas do país para este ano.

“O desenvolvimento económico nos primeiros dois meses foi afetado pelo surto de Covid-19”, disse um especialista do GNE. “No entanto, numa perspetiva abrangente, o impacto da doença viral é de curto prazo, externa e gerível”, Mao Shengyong.

O surto, que começou na cidade de Wuhan, no centro da China, em dezembro passado, levou a um bloqueio generalizado das cidades em todo o país. O movimento de trabalhadores migrantes que procuram regressar às cidades foi limitado, resultando num golpe para o desemprego urbano.

Analistas disseram esperar que a economia chinesa cresça menos de 3%, no primeiro trimestre de 2020, apesar da recuperação gradual da atividade económica em muitas cidades do país.

Depois de sofrer inicialmente com a incapacidade de produção, muitos economistas estão preocupados com a possibilidade de a China enfrentar agora uma queda na procura, à medida que o resto do mundo é atingido pelo surto.

O Banco Popular da China (banco central) adotou algumas medidas de política monetária para ajudar a estimular a economia, mas analistas consideraram que serão precisas medidas adicionais.

Outros bancos centrais, incluindo a Reserva Federal norte-americana, lançaram também enormes pacotes de estímulo para amortecer o abrandamento económico.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 já provocou mais de 6.500 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 170 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 148 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 77 mil recuperaram.

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