Petrolífera Sasol prepara venda de activos e acções para equilibrar contas
A petrolífera sul-africana Sasol anunciou que prepara uma venda de ações e de ativos para fazer face ao aumento da dívida resultante de um investimento oneroso nos Estados Unidos e à incerteza económica atual.
“As perturbações no mercado petrolífero global, juntamente com o impacto da Covid-19, mudaram significativamente a nossa perspetiva de evolução da atividade em apenas algumas semanas; é crítico que mantenhamos o controlo das operações, agindo decisiva e rapidamente”, disse o presidente executivo desta produtora de produtos petrolíferos e químicos, Fleetwood Grobler.
As ações da Sasol caíram 81% desde o início do ano, registando só na semana passada uma queda acima de 40%, com os investidores a duvidarem da capacidade de pagamento das dívidas por parte da petrolífera e de encaixe dos gastos com a construção de uma fábrica nos Estados Unidos, cujos custos subiram 50% face ao estimado, para quase 13 mil milhões de dólares (11,6 mil milhões de euros).
De acordo com a Moody’s, a Sasol, que é também a maior empresa sul-africana em termos de receita e fornece 30% do combustível consumido no país, tem uma dívida de 8,5 mil milhões de dólares (cerca de 7,6 mil milhões de euros), tornando esta petrolífera, cujos maiores investidores estão ligados ao Governo, especialmente vulnerável à queda das receitas.
“A empresa é estratégica para o Governo, é demasiado importante como fonte de combustíveis líquidos, impostos e empregos remunerados para o Governo permitir que colapse”, argumentou um analista da JPMorgan Cazenove, Alex Comer, numa nota aos clientes, citada pela agência de informação financeira Bloomberg.
A Sasol está presente em Moçambique desde 2004, tendo contribuído mais de 6% para o PIB do país, disse um responsável da petrolífera em novembro, num encontro sobre o petróleo e gás em África.
O vice-presidente da Sasol Exploration and Production International, Gilbert Yevi, disse então que a empresa sul-africana tem desempenhado um papel “catalisador” no desenvolvimento socioeconómico daquele país africano lusófono.
“O investimento em capital realizado pela Sasol, de mais de 3 mil milhões de dólares [2,7 mil milhões de euros], as operações diárias, o investimento social e a capacitação profissional tiveram um impacto significativo no período de 2004 a 2018”, acrescentou.
O gestor disse ainda que a empresa “é também um contribuinte significativo para o fisco nacional com 495 milhões de dólares [446 milhões de euros] em impostos”.
Segundo Gilbert Yevi, a petrolífera multinacional sul-africana manteve mais de 300 postos de trabalho permanentes desde o início das operações, em vários setores de atividade, sendo que “mais de 90% da força de laboral da Sasol Moçambique são moçambicanos”.
“Juntamente com o Governo de Moçambique, criou-se um plano de conteúdo local para assistir e impulsionar o crescimento de negócios locais através das operações sustentáveis da Sasol”, salientou.
Além de Moçambique, a Sasol possui uma participação não operacional de cerca de 30% na licença Etame Marin, no ‘offshore’ do Gabão, na África Ocidental.