Prisa reitera que dona do Correio da Manhã violou acordo de compra da TVI
A espanhola Prisa reiterou hoje que a Cofina “violou o acordo de compra e venda” para aquisição da Media Capital, dona da TVI, e que já iniciou “todas as medidas” contra a empresa na defesa dos seus interesses.
Na sexta-feira, a proprietária do Correio da Manhã considerou que não deve 10 milhões de euros à Prisa - Promotora de Informaciones por ter desistido de comprar a Media Capital, empresa que detém a TVI, entre outros meios.
Hoje, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Prisa reitera o que afirmou em 11 de março, em particular que, “no seu entendimento, a Cofina violou o acordo de compra e venda datado de 20 de setembro e alterado em 23 de dezembro de 2019” relativo à venda de toda a participação detida pela espanhola na subsidiária Vertix SGPS, que detém 94,69% da Media Capital.
Em 11 de março, a Cofina anunciou a desistência da compra da TVI após falhar a operação de aumento de capital aprovada pelos seus acionistas em 29 de janeiro.
A Prisa garantiu ainda que “iniciou e continuará a procurar todas as medidas e ações contra a Cofina em defesa dos seus interesses, dos seus acionistas e quaisquer outros afetados pela situação criada pela Cofina”.
Além disso, a Prisa “rejeita os motivos pelos quais a Cofina pretende agora “assentar” a resolução do acordo de compra e venda, sobre o qual se refere na sua comunicação pública de 13 de março”.
A Prisa “afirma que não é apropriado, como a Cofina parece pretender na comunicação” da passada sexta-feira, “alterar o contrato de compra e venda com o objetivo de restabelecer o equilíbrio dos respetivos benefícios recíprocos, de acordo com os princípios de boa fé, uma vez que houve uma violação prévia do referido acordo pela Cofina”.
Na sexta-feira, em comunicado à CMVM, a Cofina informou o mercado que, “seu entendimento, o contrato não caducou por efeito insucesso do aumento de capital da Cofina, cujo prospeto foi objeto de divulgação no passado dia 17 de fevereiro, razão pela qual não são devidos os 10 milhões de euros”.
O Expresso tinha noticiado em 11 de março que a desistência do grupo liderado por Paulo Fernandes na operação de compra da Media capital iria custar 10 milhões de euros à empresa, dinheiro adiantado a título de caução.
Ainda assim, a Cofina admitiu voltar à mesa de negociações, tendo enviado à Prisa, “em 12 de março p.p., uma notificação de resolução do contrato (na base de fundamentos que oportunamente serão objeto de divulgação pública), condicionada a que, no prazo de sete dias, a Cofina e a Prisa não venham a acordar numa modificação do contrato de forma a restabelecer um equilíbrio das prestações recíprocas conforme com os princípios da boa-fé”, de acordo com o comunicado de 13 de março da dona do Correio da Manhã.
A operação de aumento de capital da Cofina - no montante de 85 milhões de euros - visava financiar a compra da dona da TVI.
No entanto, perante a “deterioração das condições de mercado” e “não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito”, justificou na semana passada a empresa liderada por Paulo Fernandes.
Ou seja, “não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Media Capital)”, justificou a Cofina.
A oferta abrangia a subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal.
O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova ação, que correspondia ao respetivo valor de emissão.
Os acionistas da Cofina tinham aprovado no final de janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI. Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.