OMS considera pandemia “a maior crise sanitária global do nosso tempo”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou hoje que a pandemia de Covid-19 é “a maior crise sanitária global do nosso tempo” e apelou para que sejam realizados testes a todos os casos suspeitos.
Em conferência de imprensa em Genebra, o diretor-geral da OMS indicou que há agora “mais casos e mortes no resto do mundo do que na China”.
“Não se consegue combater um incêndio com uma venda nos olhos e não conseguiremos travar esta pandemia se não soubermos quem está infetado”, afirmou Tedros Ghebreyesus, reforçando que a mensagem da OMS a todos os países é simples: “Testar, testar, testar”.
O diretor daquela agência das Nações Unidas notou que houve “um rápido aumento das medidas de distanciamento social, tais como o fecho de escolas e o cancelamento de provas desportivas e outras concentrações de pessoas”.
Contudo, ainda não se viu “progresso suficiente nos testes, identificação de contactos e isolamento”, que são “o eixo da resposta” à pandemia.
Ghebreyesus salientou que numa semana se assistiu “a um rápido aumento dos casos de Covid-19” e que o distanciamento social e outras medidas para evitar contactos entre pessoas são úteis, mas a prioridade deve ser testar cada caso suspeito.
As pessoas infetadas podem continuar a contagiar outras mesmo depois de recuperarem, por isso devem continuar em isolamento pelo menos duas semanas após deixarem de ter sintomas, afirmou, referindo-se especialmente aos casos que estão nas suas casas a recuperar da doença.
Nesses casos, indicou ainda, os cuidadores devem ser pessoas que não estejam incluídas nos grupos de risco, como idosos ou pessoas com doenças que possam agravar-se com a Covid-19.
Tanto cuidadores como doentes devem usar máscaras de proteção quando estejam na mesma divisão e a pessoa doente deve usar um quarto e casa de banho separados.
Nos países em que os serviços de saúde que não têm capacidade de resposta para atender a todos os casos, a prioridade deve ser “os doentes mais idosos e os que já tinham problemas de saúde anteriores”, recomendou.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais de 55 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 297 mortos (8.794 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Portugal registou hoje a primeira morte, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.
Trata-se de um homem de 80 anos, com “várias patologias associadas” que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos.
Há 331 pessoas infetadas até hoje, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 18 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais quatro do que no domingo.