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Incumprimento de quarentena nos Açores denunciado ao Ministério Público

Foto Açoriano Oriental
Foto Açoriano Oriental

O responsável pela Autoridade de Saúde Regional dos Açores adiantou hoje que estão a ser denunciadas ao Ministério Público situações de incumprimento da quarentena obrigatória determinada para os passageiros do exterior que aterram na região.

“Tivemos conhecimento de alguns casos a quem foi determinada quarentena e que não acataram essa medida. Nesse sentido, temos esses casos identificados e iremos reportá-los ao Ministério Público, de forma a que seja aplicada a devida medida judicial”, afirmou Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

A Autoridade de Saúde Regional dos Açores anunciou no sábado, ao início da tarde, que “todos os passageiros de voos do exterior que aterrem na região” passariam a estar “obrigados a cumprir um período obrigatório de quarentena de 14 dias”.

Tiago Lopes, que é também diretor regional da Saúde nos Açores, não revelou o número de situações de incumprimento, mas disse que tem vindo a aumentar.

“Esses casos têm vindo infelizmente a crescer nas últimas horas. Estamos a fazer este acompanhamento. Não posso avançar com um número em concreto, mas tanto ao nível de São Miguel, como da ilha Terceira, têm sido reportadas algumas situações”, apontou, alegando que as mesmas “têm sido devidamente encaminhadas”.

O responsável pela Autoridade de Saúde Regional deu o exemplo concreto de um caso de uma cidadã residente no Porto, que teria estado “em contacto por via de ligação familiar com três casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus” e pretendia deslocar-se aos Açores.

“Para além do combate que estamos a ter com o novo coronavírus, temos efetivamente toda a questão comportamental e a atitude dos cidadãos naquilo que diz respeito à não adoção das medidas recomendadas e das orientações fornecidas ao longo dos últimos dias para a sua contenção”, lamentou.

O Governo Regional dos Açores, enquanto acionista do Grupo SATA, determinou hoje a concentração da atividade operacional da Azores Airlines - que opera de e para fora da região - no aeroporto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, bem com a suspensão do contrato de ligações aéreas de “todas as ilhas dos Açores” para a Terceira “e desta para todas as outras ilhas” da região.

Segundo Tiago Lopes, na sequência deste anúncio, alguns operadores turísticos manifestaram intenção de “começarem a operar ligações marítimas, para colmatar a suspensão das ligações por via aérea”, mas a Autoridade de Saúde Regional já entrou em contacto com as capitanias dos portos da ilha Terceira para “recomendar a interdição das ligações por via marítima, excetuando as que dizem respeito à circulação de bens e mercadorias”.

Questionado sobre a existência de clínicas privadas nos Açores a contactarem idosos para fazerem testes de despiste de Covid-19, o responsável da Autoridade de Saúde Regional criticou o que considerou ser um “surto de oportunismo” e disse que esses casos serão penalizados.

“Estas situações estão a ser acompanhadas pela Direção Regional da Saúde e posso avançar que essas situações, a acontecer, irão ter igual medida de resposta, na medida até eventualmente da suspensão da sua atividade, se estiverem a prevaricar”, frisou.

Nos Açores, existem atualmente um caso confirmado de infeção pelo novo coronavírus, 10 casos suspeitos à espera de análise e 411 pessoas em vigilância.

Em Portugal, 331 pessoas foram infetadas com o vírus da pandemia Covid-19, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde, tendo-se registado hoje a primeira morte no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Detetado na China, em dezembro, o coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 6.500 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 75 mil recuperaram da doença.

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