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Há hipermercados que “nem sequer gel de desinfecção têm”

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A situação dos trabalhadores das grandes superfícies “é preocupante”, com hipermercados que “nem gel de desinfeção têm” para prevenir a propagação do coronavírus, alertou hoje o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).

“Há empresas que têm gel desinfetante disponível, mas não passa disso. Este é o único equipamento de proteção individual que há em algumas cadeias de distribuição. Nem sequer há em todas, há empresas que nem sequer o gel de desinfeção têm”, relatou à Lusa, por telefone, a sindicalista Célia Lopes.

Além disso, uma coisa é ter o gel, outra é saber se está nos locais certos, se é suficiente, se previne todos os riscos, acrescentou a dirigente do CESP.

Os vídeos que têm circulado através das redes sociais dando conta da situação descrita são “a ponta do icebergue”, já que “a realidade é muito pior” do que o que os vídeos mostram, garantiu.

“Há cinco dias que os trabalhadores dos hipermercados nos têm relatado uma afluência imensa, sem que isso tenha significado, por parte das empresas, a toma de medidas de proteção do bem-estar destes trabalhadores, nomeadamente proteção do risco de contágio”, denunciou.

A sindicalista considerou que “não estão a ser tomadas as devidas medidas” e que é necessário limitar o acesso das pessoas aos estabelecimentos e garantir a desinfeção dos espaços, que, nalgumas empresas, está a ser assegurada “pelos próprios trabalhadores”.

Outras proteções para os trabalhadores -- indicou -- passam pela atribuição de equipamentos como máscaras, mas também por impedir o atendimento ao balcão e aumentar o distanciamento dos clientes nas caixas para, pelo menos, dois metros.

À pergunta da Lusa sobre se haveria bons exemplos a apontar, a sindicalista disse que a falta de equipamentos de proteção para os trabalhadores das grandes superfícies “é generalizada”.

Ainda que as empresas tenham feito anúncios de medidas para segunda-feira, como divisão de equipas sem que se cruzem, a realidade, assinalou Célia Lopes, é que essas equipas vão permanecer no local de trabalho durante dez horas e “estarão sujeitas ao contacto com centenas ou milhares de pessoas sem que haja proteção individual”.

Ora, acresce que “os trabalhadores estão exaustos e, por estarem exaustos, estão mais suscetíveis também a serem contagiados com qualquer tipo de doenças”, realçou, assinalando que “há indicações de supermercados a subirem as vendas em 350%” e de trabalhadores “extenuados”.

“Encerrar pode não ser a solução, até porque os cidadãos portugueses necessitam de acesso aos produtos alimentares, mas (...) têm de se tomadas medidas imediatas de proteção dos trabalhadores, com a atribuição de equipamentos que lhes possibilitem, pelo menos, estar a trabalhar com uma maior proteção”, instou a sindicalista.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.000 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 160 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 139 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.

O epicentro da pandemia deslocou-se da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos de infeção confirmados para 245, mais 76 do que os registados no sábado.

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