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Torrente de água ‘varreu’ a Escola Portuguesa de Díli

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A torrente de água que hoje varreu a Escola Portuguesa em Díli, depois de algumas horas de chuva terem provocado cheias sem precedentes na capital, tinha tanta força que levou pela frente o portão principal do estabelecimento.

Cá fora, tombado -- alguém o levantou depois -- estava o sinal com a sigla vermelha -- EPD --, montado no pátio central aquando dos 15 anos da escola, e que foi, tal como muito material, arrastado para o exterior.

O muro traseiro ruiu, o muro lateral ficou seriamente danificado e a forte corrente de água destruiu quase tudo, com graves danos nos principais espaços da escola: biblioteca, secretaria, cantina, sala de professores, laboratórios e muitas salas de aula.

“É uma tragédia em termos materiais. Graças a Deus conseguimos a tempo levar todas as crianças para o primeiro andar, porque isto veio de um momento para o outro”, contou à Lusa, o diretor da EPD, Acácio de Brito.

“As crianças tiveram de ser transportadas ao colo. Localizámo-los no primeiro andar, porque o rés-do-chão estava completamente inundado”, explicou.

Professores descrevem o drama que se viveu quando as margens da ribeira cederam e um rio enfurecido de água galgou a estrada, derrubou o muro e depois entrou pelos edifícios traseiros da escola, os mais antigos, onde atualmente funciona o pré-escolar.

Alunos e professores tiveram de correr até ao interior do edifício principal, com as crianças a serem agarradas e levadas ao colo para o primeiro andar, enquanto viam um rio a passar pelo interior da escola, até a água atingir o nível da cintura.

Acácio Brito contou depois que foi a ação rápida dos professores e funcionários que permitiu evitar uma grande tragédia humana, com a água a começar a entrar na escola, e poucos minutos depois, quando se partiu o muro traseiro, a entrar de rompante.

Rapidamente todos foram postos a salvo no primeiro andar e quase de seguida a forte corrente fez do recinto e dos edifícios um rio.

Ao redor da escola pedras de grande dimensão estavam, noite escura, a ser removidas da estrada para a berma para permitir a passagem de carros.

Perto, ao lado do cemitério de Santa Cruz, os residentes locais diziam aos motoristas que não se pode passar. O muro lateral ruiu e há detritos, pedras e areias, arrastadas pelo cemitério, a bloquear a passagem.

A escuridão da noite não permite perceber se o cemitério também sofreu danos.

Junto à ribeira, onde dezenas e dezenas de casas foram inundadas -- muitas estão abaixo da cota da estrada -- vê-se algumas pessoas que tentam limpar alguma coisa. Uma família, no chão, à volta de uma fogueira.

Metade da estrada abateu e há detritos ao longo de toda a vida -- pedras, terra, lama e restos de árvores caídas.

Os danos totais causados pelas cheias só vão ser percebidos nos próximos dias, mas dezenas de famílias estão já desalojadas, algumas reunidas num dos espaços da Proteção Civil, onde estarão a receber algum apoio de emergência.

Muitas perderam quase tudo.

A dura tarefa de limpar e avaliar os danos na Escola Portuguesa de Díli começa sábado pela manhã, sendo visível, mesmo de noite e com a escola sem luz, a destruição iluminada por focos de telemóveis e o farol de uma moto que alguém trouxe para o interior do corredor principal para iluminar ligeiramente o espaço.

A sala de professores, a biblioteca e a secretaria -- é difícil chegar a outros locais -- estão de pernas para o ar, com mesas, cadeiras, livros e computadores no chão, uma espessa camada de lama a cobrir o chão.

“Orgulho-me muito da forma como todos atuaram, professores, funcionários e pais. Um esforço conjunto que evitou consequências muito mais graves”, conta o diretor.

Mensagens de agradecimento de pais estão já a circular no Facebook e muitos já se ofereceram para ajudar, ainda que o diretor da escola explique que, dada a dimensão da tarefa, terá que ser feita de forma profissional.

“É noite. Agora não conseguimos ver. Amanhã [sábado] começamos a limpar e segunda estaremos a trabalhar”, diz Acácio de Brito, visivelmente emocionado.

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