Comerciantes informais amotinam-se na baixa de Maputo e polícia dispara balas de borracha
Dezenas de comerciantes informais da baixa da cidade de Maputo amotinaram-se hoje em protesto contra a medida que obriga os vendedores a abandonarem as ruas e a polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar a população.
O motim começou logo nas primeiras horas do dia, quando as autoridades moçambicanas tomaram a avenida Guerra Popular, uma das mais frequentadas de Maputo, para garantir o cumprimento de uma medida estabelecida pelo Conselho Autárquico, exigindo a retirada de todos vendedores nos passeios da cidade.
“Nós sustentamos os nossos filhos a partir deste trabalho. Dependemos da rua para viver”, diz à Lusa Nelson Jaime, vendedor na baixa da cidade de Maputo há mais de 10 anos.
Empunhando cartazes com mensagens de repúdio à medida imposta pelo município, os manifestantes colocaram barricadas nas estradas e queimaram pneus, tendo a polícia respondido, em alguns momentos, com violência, disparando balas de borracha e usando gás lacrimogéneo.
“Eu não trabalho e tenho uma filha. Levaram minha mercadoria e agora o que eu pergunto é para onde vou e o que vou comer”, questiona Augusto Abreu, um jovem comerciante informal que trabalha há dois anos naquele ponto.
O motim durou quase toda a manhã, a polícia assumiu o controlo do local e os manifestantes saíram.
Houve registo de pessoas feridas e outras detidas em número ainda desconhecido, tendo o tráfico sido interrompido na avenida e as lojas encerradas devido a agitação.
A Lusa tentou, sem sucesso, contactar o Conselho Autárquico de Maputo.
O aviso foi emitido na quarta-feira, estabelecendo o dia de hoje como o último para a saída dos comerciantes em locais impróprios na capital moçambicana.
“Desde o ano passado, a edilidade tem vindo a sensibilizar este grupo, através de campanhas de educação cívica para abandonarem os locais impróprios, desde passeios, estradas, murros na cidade de Maputo”, lê-se numa comunicação publicada na página de internet Conselho Autárquico de Maputo, que acrescenta que há mais de 4.700 bancas disponíveis nos mercados para este grupo.