UE insurge-se contra decisão unilateral dos EUA de proibir viagens por causa do coronavírus
A União Europeia desaprova a decisão dos Estados Unidos de impor uma suspensão de voos do espaço Schengen, “tomada unilateralmente e sem consultas”, afirmaram hoje os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, numa declaração conjunta.
“O [novo] coronavírus é uma crise global, não está limitada a um continente, e exige cooperação, e não ação unilateral”, começam por argumentar Ursula von der Leyen e Charles Michel, na declaração conjunta divulgada ao final da manhã em Bruxelas.
Sublinhando que “a União Europeia desaprova o facto de a decisão dos Estados Unidos de imporem uma proibição de viagens ter sido tomada unilateralmente e sem consultas”, os líderes do executivo comunitário e do Conselho Europeu, que representa os 27 Estados-membros, reiteram também que “a UE está a agir de forma determinada para limitar a propagação do vírus”.
Hoje de manhã, Charles Michel já se insurgira contra a medida anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, advertindo que é necessário “evitar a disrupção económica”, numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Twitter.
A indignação da UE ocorre depois de Trump ter anunciado a suspensão de todos os voos provenientes da Europa, medida que entra em vigor na sexta-feira e irá prolongar-se pelo menos durante 30 dias.
“Para impedir que novos casos entrem em nosso país, suspenderei todas as viagens da Europa para os Estados Unidos pelos próximos 30 dias”, disse Donald Trump num discurso proferido na Sala Oval, durante o qual acusou a UE de ter falhado na adoção de medidas restritivas de precaução e apontou que muitos dos focos de infeção nos Estados Unidos foram provocados por viajantes oriundos da Europa.
Depois da intervenção de Trump, os serviços de segurança interna norte-americanos precisaram que a proibição de viagens desde a Europa contempla várias exceções, não se aplicando ao Reino Unido, a cidadãos norte-americanos ou residentes permanentes e familiares diretos de cidadãos dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos registavam na quarta-feira 38 mortos e mais de 1.300 casos de infeção.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, também na quarta-feira, a doença Covid-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”.
A pandemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 casos confirmados.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.