Alojamento Local está a “colapsar” devido ao coronavírus e depende de linha de crédito
O presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) admitiu hoje que aquele setor hoteleiro está a “colapsar” devido aos cancelamentos diários e paralisação de reservas até junho, avisando que a sobrevivência depende de uma microlinha de crédito.
“A situação tem-se degradado de uma forma exponencial. Quase impensável. Nós fizemos o levantamento há um ou dois dias e a situação já é de crise e de sobrevivência neste momento”, declarou Eduardo Miranda, presidente da ALEP, em entrevista telefónica à Lusa sobre o impacto do surto de Covid-19.
Segundo Eduardo Miranda, todos os alojamentos locais em Portugal estão a atravessar um “cenário completamente drástico” com a previsão de “faturação quase nula nos próximos meses”.
“As novas reservas paralisaram e isso já invade o mês de maio, a entrar em junho. Praticamente só lidamos com cancelamentos, ou seja, não fazemos novas reservas e está a haver um número de cancelamentos diários”, descreveu, acrescentando que a crise acontece na pior época possível em termos de atividade, por ser inverno e época baixa.
A solução para o Alojamento Local (AL) passa por o Governo criar uma “linha de microcrédito”, permitindo aos empresários em nome individual que possam aceder, mesmo que seja com valores inferiores aos apoios das linhas tradicionais, mas com “procedimento facilitado”.
Sendo o setor feito, essencialmente, por empresários em nome individual (75%) e com microempresas, o setor não consegue resistir a um golpe destes, admitiu Eduardo Miranda.
“Estamos numa situação de risco de sobrevivência de muitos operadores, o que gera um colapso de uma parte significativa do turismo”, disse, reiterando que só é ultrapassável se houver um “apoio a curto prazo”.
A microlinha de crédito pode ser “a salvação do Alojamento Local”, defende o presidente da ALEP, referindo que a associação já transmitiu a preocupação ao Governo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou dia 11 de março a doença Covid-19 como pandemia. A doença foi detetada em dezembro, na China, e até ao momento provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, a suspensão de atividades letivas em escolas e universidades e a realização de jogos de futebol sem público.