Novo tratamento contra malária testado em África e sudeste asiático para mais eficácia
O estudo sobre a formulação de um novo medicamento contra a malária, porque o actual já não é eficaz, testado em 1.100 pessoas em África e no Sudeste Asiático, foi publicado ontem pelo jornal de medicina The Lancet.
O tratamento contra a malária é feito através de terapias combinadas com artemisinina (ACT, na sigla em inglês), grupo de fármacos que possui a mais rápida acção contra a malária, mas a infecção ganhou habituação ao tratamento efetuado.
Os cientistas da Mahidol Oxford Tropical Medicine Research combinaram o tratamento existente, que consiste em dois medicamentos (terapias combinadas à base de artemisinina) com um segundo medicamento que permanece no sangue para combater os parasitas da malária durante mais tempo, as triplas terapias combinadas com artemisinina (TACT, na sigla em inglês).
“Com o crescente fracasso dos ACT convencionais, o uso dos TACT poderá em breve tornar-se essencial para o tratamento da malária no sudeste asiático. Esta região pretende a eliminação acelerada da malária antes que a crescente resistência aos medicamentos torne a malária ‘Plasmodium falciparum’ quase intratável”, afirmou Arjen Dondorp.
Este investigador da Mahidol Oxford Tropical Medicine Research acrescentou: “Os TACT que estudamos aqui poderiam evitar um ressurgimento da malária que muitas vezes acompanha a propagação da resistência aos medicamentos antimaláricos”.
O tratamento com os TACT foi aplicado, em método experimental, em 1.100 pessoas, com idades entre os 2 e 65 anos, em 18 hospitais de oito países: Tailândia, Camboja, Vietname, Birmânia, Laos, Bangladesh, Índia e República Democrática do Congo.
Os pacientes tinham malária ‘P. falciparum’ aguda, que é a mais mortífera, e uma temperatura de 37,5°C ou mais, ou um histórico de febre nas últimas 24 horas.
Não foram incluídas, no estudo, pessoas que tinham sido tratadas com artemisininas na semana anterior ou com histórico de problemas na atividade elétrica do coração.
No estudo foi descrito que “os TACT são seguros, mas mostraram taxas ligeiramente mais elevadas de vómitos e algumas alterações na actividade eléctrica do coração, comparativamente aos ACT”, revelou o The Lancet.
Os cientistas acreditam que este novo tratamento pode ser eficaz e atrasar a resistência aos medicamentos usados para tratar a malária.
“Como dois medicamentos bem combinados fornecem proteção mútua contra a resistência, espera-se que a implantação de TACT prolongue a vida útil dos poucos medicamentos contra a malária eficazes disponíveis e acessíveis. Felizmente, até hoje, a resistência à artemisinina não piorou no sudeste da Ásia e não se espalhou para a África subsaariana, portanto, esses medicamentos ainda fornecem tratamento útil quando usados em conjunto”, disse Chanaki Amaratunga.
“Para garantir que reduzimos a resistência tanto quanto possível, é importante que evitemos esperar que a resistência surja e se espalhe antes de mudarmos as terapias contra a malária”, esclareceu ainda o também investigador na Mahidol Oxford Tropical Medicine Research.
Os investigadores avaliaram a eficácia do tratamento com base na cura registada 42 dias após o seu fim.
Os cientistas observam algumas limitações no seu estudo, como por exemplo a não inclusão de muitas crianças, que são o principal grupo afectado pela malária.