Cessar-fogo entre Turquia e Rússia está a ser violado
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse hoje que um acordo de cessar-fogo estabelecido entre turcos e russos em Idlib, no noroeste da Síria, “começou a ser violado” e pediu a Moscovo que “tome medidas” sobre esta questão.
“Mesmo que sejam pequenos incidentes aqui e ali, o cessar-fogo começou a ser violado. Estamos a compartilhar esses desenvolvimentos com a Rússia (...) e aguardamos medidas a serem tomadas”, afirmou Erdogan durante um discurso em Ancara.
Numa reunião em Moscovo, na semana passada, Erdogan e seu homólogo russo, Vladimir Putin, chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar semanas de uma escalada da violência que atingiu o pico com confrontos entre soldados turcos e sírios.
Mesmo com a Turquia a apoiar grupos rebeldes na Síria e a Rússia a apoiar o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, os dois países vêm cooperando há vários anos na questão síria.
O acordo de cessar-fogo entrou em vigor na sexta-feira e restaurou uma aparência de calma na província de Idlib, palco de vários meses de bombardeamentos pesados de aviões do regime sírio e russos que causaram um desastre humanitário.
Erdogan disse hoje que a Turquia estava pronta para responder com firmeza a qualquer ataque às tropas enviadas para Idlib em vários postos de observação.
“Nós responderemos a qualquer ataque aos nossos postos de observação com represálias ainda mais fortes”, disse Erdogan.
O acordo celebrado por Erodgan e Putin também contempla patrulhas russo-turcas a partir de domingo ao longo da estrada estratégica M4, que atravessa a província de Idlib de leste a oeste.
Para se preparar para essas patrulhas, uma delegação de soldados russos chegou a Ancara na terça-feira para discussões com autoridades turcas.
“As discussões continuam de maneira positiva e construtiva. Patrulhas conjuntas estão planeadas para o M4 a partir de 15 de março, estamos a trabalhar nisso”, disse hoje o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.
A província de Idlib, a última fortaleza rebelde e ‘jihadista’ na Síria, tornou-se o novo epicentro de um conflito que matou mais de 380.000 pessoas desde 2011.
O regime de Al-Assad lançou uma ofensiva no país em dezembro que deslocou quase um milhão de pessoas.