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Número de eventos violentos em Moçambique subiu 237%

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O projeto ACLED revelou hoje que Moçambique registou o maior aumento de eventos violentos envolvendo atores islâmicos, com uma subida de 237% em 2019, dos quais resultaram 438 mortos, quase o triplo de 2018.

“Moçambique teve o maior aumento no número de eventos com atores islâmicos (237%), principalmente por causa da expansão e do fortalecimento dos insurgentes na província de Cabo Delgado”, lê-se no relatório divulgado hoje pelo Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos da América.

No relatório, que contabiliza o número de acontecimentos violentos e mortes daí decorrentes, diz-se ainda que “Moçambique também registou um dos maiores aumentos nas mortes registadas no ano passado, com mais 438 em 2019 do que em 2018, um aumento de 197%”.

Este aumento “está ligado à degradação da insurgência na província de Cabo Delgado”, notam os analistas, acrescentando ainda que “apesar de o Estado Islâmico ter reivindicado os ataques na região em 2019, a situação está exacerbada com a presença cada vez maior de insurgentes locais”.

Os ataques armados na província de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores de mesquitas “radicalizadas” por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais que primeiro alertaram para atritos entre fiéis.

Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotografias das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

De acordo com a contabilização feita pela Lusa, os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos e 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casas e terras em busca de locais seguros.

A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojetos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no ‘top 10’ dos produtores mundiais de gás natural e onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.

O ACLED é um projeto de recolha desagregada de dados, análise e mapeamento de crises, lê-se no ‘site’ da organização, que explica que “a equipa do ACLED conduz análises para descrever, explorar e testar cenários de conflitos, disponibilizando quer os dados quer a análise para utilização livre”.

A nível mundial, “o número de mortes resultantes de violência política caiu 17%, de 151.887 em 2018 para 126.047 pessoas no ano passado”.

Os conflitos na Síria, Ucrânia, Afeganistão e Iémen geraram grandes níveis de violência política em 2019, representando 61% de todos os eventos registados pelos analistas no ano passado, em que a guerra no Afeganistão continuou a ser a mais mortífera pelo segundo ano consecutivo, seguindo-se o Iémen e a Síria.

O número mortal de civis diminuiu 22% no ano passado, descendo de 28.604 em 2018 para 22.365 no ano passado, com a Síria a ser o sítio mais mortal e mais perigoso para os civis.

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