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Nações Unidas com previsão de recessão na economia mundial

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A epidemia do Covid-19 pode fazer com que a economia mundial perca entre um e dois biliões de euros e cresça apenas 2,0%, segundo uma agência das Nações Unidas.

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) emitiu um comunicado em que diz que o novo coronavírus deverá provocar recessão em vários países e regiões, incluindo na União Europeia, e desacelerar o crescimento da economia mundial para níveis históricos, abaixo dos 2,5%, considerados o limiar da recessão.

“Prevemos uma desaceleração económica global este ano”, anunciou hoje a UNCTAD, numa previsão que aponta para valores entre um e os dois biliões de euros de prejuízo.

Richard Kozul-Wright, diretor da divisão de globalização da UNCTAD, explica que a razão destes valores está na perda de confiança dos consumidores e dos investidores, na diminuição da procura, no aumento da dívida e na ansiedade dos mercados.

Numa conferência de imprensa, Kozul-Wright disse que a União Europeia, que já enfrentava fracas perspetivas económicas no final de 2019, deve entrar em recessão “quase de certeza”, referindo as difíceis situações de países como a Alemanha e a Itália.

“Mesmo se o pior for evitado, o impacto nas receitas globais pode ser avaliado em um bilião de dólares (cerca de 900 mil milhões de euros)”, diz Kozul-Wright, referindo que ainda é cedo para uma previsão realista, já que não conhecemos a duração da propagação do vírus.

“A crise financeira asiática do final dos anos 90 tem alguns paralelos com a situação atual, mas isso aconteceu antes de a China ter o peso que tem agora na região e quando as economias avançadas estavam em melhor forma do que agora”, acrescenta o documento hoje apresentado pela UNCTAD.

Nesse contexto, a primeira ameaça aos países de economias avançadas é a dívida acumulada das empresas, que em muitos casos “é de baixa qualidade”, enquanto os países em desenvolvimento simplesmente não estão preparados para enfrentar um novo choque externo.

A agência das Nações Unidas aponta ainda o risco de a China querer restringir as condições de crédito a muitos países que são seus devedores, para enfrentar a sua própria desaceleração económica, tornando o cenário da economia mundial ainda mais grave.

Considerando que os bancos centrais não serão capazes de resolver esta crise sozinhos, a UNCTAD pede uma resposta internacional concertada do G20, o grupo dos 20 países mais ricos do planeta, com “gastos orçamentais agressivos” e com “um significativo investimento público”, para compensar a queda no consumo e no investimento das empresas.

“Os governos devem gastar para evitar (...) um cenário apocalíptico”, concluiu Richard Kozul-Wright.

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