Caiu-lhes a máscara
Caiu a máscara à coligação que manda na Madeira. Por revelar dificuldades acrescidas para começar a governar. Por continuar entretida a nomear, a promover, a satisfazer clientelas e a distribuir tachos por conhecidos e familiares. Por ter feito, há cinco meses, um acordo em que leiloou lugares, hipotecou estratégias e sacrificou expectativas: o núcleo duro de um governo nunca é negociável, nem partilhado com aprendizes do poder. Por medir mal ‘timings’ de actuação. Por insistir no erro. Por não ter cultura de aliança. Por ser causador de desmotivação: as baixas por doença atingiram números nunca vistos. Por ter desconsiderado os melhores da classe médica, os que reconhecidos pelos seus foram facilmente rotulados de “iluminados” e aconselhados presidencialmente à demissão. Por ser incapaz de ter trunfos na manga, como se viu na já longa novela que ridicularizou a direcção clínica do SESARAM. Com quatro baixas em menos de seis meses, em vez de apresentar uma alternativa consistente e consensual, o executivo faz sondagens para não voltar a ser gozado, como indicia a extensa lista de nomeáveis definida em conjunto com os médicos, ganhando lastro a hipótese de um dos antigos titulares do cargo voltar a ser escolhido. Mário Pereira já era - resta saber se entregou mesmo o pedido de exoneração - e a solução está no banco!
Caiu a máscara ao PSD. Por tudo ter feito, qual vingança política, para que a solução Mário Pereira falhasse. Por ter influenciado com sucesso a revolta contra a pretensão sonhada pelo CDS. Por ceder às pressões dos seus. A maioria dos médicos contestatários assumem-se como social-democratas, votantes, contribuintes de uma opção governativa que entendem estar desvirtuada e ser irritante, dado o excesso de centristas em bicos de pés.
Caiu a máscara ao CDS. Acumula derrotas nas teimosias que patrocina e exige com sobranceria inusitada contrapartidas sempre que confrontado com o pior dos cenários. Corre o risco de extinção. Hoje pode nem valer metade do que conquistou em Setembro passado. De que é que o PSD está à espera para livrar-se do barrete que enfiou?
Caiu a máscara aos eleitos anestesiados. Se bem que tenham direito à tolerância, à folia e aos prazeres Carnaval, ficou-lhes mal a distracção em vários casos que exigiam intervenção espontânea e imediata. Há quem continue a achar que um espirro na redes sociais, sem direito a contraditório, chega para marcar posição. É devido a apatias deste calibre que a indignação cresce. Que o digam os utentes penalizados pelo encerramento de serviços de saúde quarta-feira passada. Que o digam as famílias ainda de mão estendida pois o prometido ‘kit bebé’ tarda em nascer. Que o digam os suspeitos com coronavírus que acabaram na casa de banho do hospital só porque quem devia liderar processos não responde a telefonemas e a e-mails, postura inaceitável que obrigou o SESARAM a criar uma comissão específica.
Caiu a máscara a alguns médicos. Os argumentos técnicos que colocaram em comunicados lidos em ambientes protegidos, sem direito a perguntas, são bem distintos das motivações políticas indisfarçáveis quando confrontados na praça pública.
Caiu a máscara a todos quantos acham que a ocultação da verdade é a a melhor forma de esclarecer dúvidas, erradicar incertezas e antecipar reacções, seja no desnorte na Saúde da Região, como no combate ao novo coronavírus. A informação séria é, a par dos procedimentos preventivos, o antídoto para tudo aquilo que ainda espera por vacinas e pastilhas.