Marcha de protesto reúne entre 2.000 e 3.000 adeptos do Vitória de Guimarães
A Marcha Preta e Branca, evento criado por um grupo de sócios do Vitória de Guimarães, de protesto contra a “desigualdade” na I Liga portuguesa de futebol, reuniu hoje entre 2.000 e 3.000 adeptos vitorianos.
No trajeto realizado sob chuva entre o Castelo de Guimarães e o Estádio D. Afonso Henriques, ‘palco’ em que os minhotos recebem hoje o Tondela, em jogo da 23.ª jornada do campeonato, os adeptos exibiram tarjas e entoaram cânticos de protesto contra as alegadas desigualdades no tratamento dado aos clubes pela Liga e pela comunicação social, até à hora de receberem o autocarro vitoriano, junto ao estádio.
“O balanço [desta marcha] é incrível. Foram entre 2.000 a 3.000 pessoas, segundo o que a polícia comunicou ao grupo que organizou a marcha. Atendendo ao tempo que está, esteve muita gente. Isso quer dizer que as pessoas acreditaram na mensagem que passámos”, disse à Lusa Ricardo Silva, um dos elementos que organizou a iniciativa.
O sócio do Vitória de Guimarães realçou que esta medida visou “unir a nação vitoriana” num protesto contra a “desigualdade gritante” que, a seu ver, assola o futebol nacional, nomeadamente, o que considera ser o privilégio dado aos três clubes denominados ‘grandes’ - Benfica, FC Porto e Sporting - e também o tratamento que os adeptos recebem nos estádios.
“Os problemas começam pelo tratamento que a imprensa dá aos clubes, sendo que se fala apenas de ‘três rótulos’. Não dão visibilidade e promoção aos outros clubes. Nos estádios, os adeptos não podem estar à vontade dentro de um estádio, situação que, naturalmente, provoca revolta nas pessoas”, realçou.
O grupo de sócios vitorianos que organizou a marcha de hoje já queria protestar contra tais “desigualdades” no jogo com o FC Porto, em 16 de fevereiro, para a 21.ª jornada da I Liga, com os adeptos vimaranenses a deixarem vazias as suas bancadas, em boicote.
Esse boicote não aconteceu e o jogo, que os ‘dragões’ venceram por 2-1, ficou marcado pela saída de campo do portista Marega ao minuto 71, após ter sido alvo de insultos racistas por parte de alguns adeptos do clube vimaranense.
A situação levou a uma investigação da Polícia de Segurança Pública e um inquérito do Ministério Público, para se identificarem os autores dos insultos.
Ricardo Silva considerou que esse momento acabou por ser “um dínamo para a indignação” hoje manifestada pelos aficionados do Vitória de Guimarães, tendo criticado a forma como o clube e a cidade foram tratados no âmbito do processo.
“Ninguém conseguiu ainda comprovar o que se passou, e já se passaram duas semanas. Quando se pega no caso e se ‘rotula’ todo um clube e toda uma cidade, vimos que tínhamos de fazer algo”, disse.
O responsável frisou ainda que recebeu “muitas mensagens de apoio de adeptos de outros clubes” no âmbito da marcha.