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SOS - Educação e Cidadania

Muito se tem falado sobre a conduta agressiva e desrespeitadora de alguns alunos nas nossas escolas e, pelo contrário, pouco sobre a inoperância verificada face a este flagelo social e comportamental. Em relação a isto, é demais evidente ainda não terem sido encontradas soluções de relevância suficiente, para pôr cobro a tantas e aberrantes situações de indisciplina praticadas por estes. Perante esta ameaça perturbadora de um quotidiano estudantil um pouco à deriva, o que a nossa sociedade espera é um rumo de gestão escolar mais eficaz, sendo certo que as regras internas nos diversos estabelecimentos de ensino, deverão passar por decisões concretas de orientação, cujas, há muito se perderam no tempo e no espaço. Recentemente foi possível verificar através dos meios de comunicação social que “existe uma denúncia a cada três dias”. O aluno que recentemente acabou expulso de uma escola no Concelho da Ponta do Sol, é precisamente o reflexo disso mesmo. Apesar de existirem dados que apontam para uma diminuição nos comportamentos de booling (bullying) nas escolas, a verdade é que não se vislumbra a tão desejada e salutar atmosfera de boa disciplina e aprendizagem, condição essencial para um bom desempenho e sucesso do corpo docente nas diversas salas de aulas. Lembrando, ou informando sobre outra realidade dos meus velhos tempos, foi aos seis anos de idade que iniciei o meu percurso escolar. Nessa altura o meu tablet chamava-se ardosia, e com esta pedra rectangular emoldurada em madeira de pinho, conjuntamente com mais três cadernos, uma sebenta, um lápis, uma caneta e uma borracha, e ainda dois livros e uma tabuada, constituíam o conteúdo didático de então para uma aprendizagem segura e de valor acrescentado para a vida. O professor ou professora de então era, regra geral, uma pessoa respeitada e exigente nos seus ensinamentos. Ali havia o que tanta falta nos faz hoje; ordem, rigor e disciplina. A esta trilogia juntava-se a educação em família e o respeito pelo próximo. Cedo aprendi algumas regras de cidadania e ainda hoje conheço os meus deveres e obrigações perante o meu semelhante. Pouco se falava de direitos mas, esses eram também respeitados. Hoje, infelizmente, assiste-se a uma espécie de inversão destas regras. A Direção-Geral da Educação, no que diz respeito às linhas orientadoras para a Cidadania diz, entre outras coisas, o seguinte: “A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela sociedade. O exercício da cidadania implica, por parte de cada indivíduo e daqueles com quem interage, uma tomada de consciência, cuja evolução acompanha as dinâmicas de intervenção e transformação social. A cidadania traduz-se numa atitude e num comportamento, num modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social”.

Vicente Sousa

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