Directora geral da Saúde afasta cenário de um milhão de portugueses infectados
A directora geral da Saúde, Graça Freitas, afastou hoje a hipótese de o novo coronavírus vir a infectar um milhão de portugueses, já que os dados que existem neste momento vindos da China são “mais favoráveis”.
“Afasto completamente. Já vamos no quarto cenário e os dados são cada vez mais favoráveis e o grau de incerteza é cada vez menor”, afirmou Graça Freitas em conferência de imprensa, em Lisboa, explicando que a hipótese de um milhão de portugueses poder vir a ser infectado tinha na base uma taxa de ataque para a gripe A, de 2009.
A conferência de imprensa foi marcada após o semanário Expresso ter titulado na sua primeira página que “Graça Freitas admite 1 milhão de infectados em Portugal”.
Os técnicos, médicos e matemáticos, estão a trabalhar no último cenário com base em novos dados de um estudo feito pela China e, segundo a directora geral da Saúde, “esta cenarização aproxima-se cada vez mais da realidade”.
Graça Freitas reiterou que neste momento Portugal encontra-se numa fase de “contenção alargada”, sem qualquer caso positivo de infecção por coronoavirus que dá origem à doença Covid-19.
A diretora geral de Saúde explicou que os cenários que têm vindo a ser traçados “servem apenas e só para que os serviços de saúde sejam programados e sejam afinados” e para a elaboração de planos de contingência.
Contudo, disse, “a prova dos nove só será feita mesmo durante a própria epidemia”.
Admitindo a hipótese de poder surgir uma epidemia em Portugal, uma possibilidade que ganha cada vez mais força devido aos casos ocorridos em Itália, e que mudou o panorama da Europa, Graça Freitas afirmou que se desconhece qual será a pior semana de contágio, mas que os serviços de saúde estão prontos para dar resposta, existindo atualmente 12 hospitais de referência.
“A pior semana ainda não sabemos, estamos sempre a comparar com a gripe. Quando o vírus se tornar epidémico teremos de observar como se comporta na fase inicial”, disse.
A directora-geral da Saúde insistiu nas medidas de autoprotecção, como lavar as mãos com frequência com água e sabão, não tossir para as mãos, nem a menos de um metro de outra pessoa, se possível, e evitar contactos físicos próximos, como beijos e abraços, mas reforçou que não é necessário usar máscaras de proteção.
Até ao momento os 59 casos suspeitos que fizeram testes nos hospitais deram todos negativos de coronovirus, que dá origem a doença Covid-19.
O surto do novo coronavírus, que dá origem à doença, detectado em dezembro, na China, e que pode causar infecções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infetou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios.
Das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram.
Além de 2.835 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infecção.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
A DGS manteve na sexta-feira o risco da epidemia para a saúde pública em “moderado a elevado”.