Presidente do Conselho Médico da Madeira satisfeito com renúncia de Mário Pereira
O presidente do Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira da Ordem dos Médicos, Carlos Martins, mostrou-se hoje satisfeito por Mário Pereira ter renunciado ao cargo de director clínico do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram).
“Acho muito bem, era a única coisa que ele tinha de fazer, penso que toda a gente no hospital está satisfeita com este desenlace, desde assistentes operacionais a médicos e directores de serviço”, disse à Lusa o otorrinolaringologista.
Carlos Martins defende que aquilo que se segue agora é “cumprir os trâmites legais”.
“A presidente do Conselho de Administração do Sesaram propõe ao secretário regional da Saúde e da Protecção Civil uma determinada pessoa para director clínico e o secretário concorda ou não concorda, é isto que diz a lei”, observou.
“O que me preocupa é que os doentes sejam sempre bem vistos e bem seguidos, o que o médico quer é que os doentes estejam bem, o resto é folclore”, concluiu Carlos Martins que, em 21 de Fevereiro, e perante o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, tomou posse do cargo de presidente do Conselho Médico da Região Autónoma da Madeira, funções que desempenhará até 2022.
“Os médicos são pessoas livres, honradas, responsáveis, dignas, credíveis, disciplinadas e independentes em relação a qualquer poder”, lembrou então.
O director clínico do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram), o ortopedista Mário Pereira, anunciou na quinta-feira à noite a sua exoneração do cargo, afirmando não ter conseguido o “consenso imprescindível” para concretizar os seus objectivos.
“Como, para mim, o mais importante é a boa prestação dos cuidados de saúde à população, entendo, até porque não estou cativo de lugares, apresentar o meu pedido de exoneração de director clínico, agradecendo a todos os que colaboraram comigo no exercício das minhas funções”, afirma o médico num comunicado distribuído na Madeira.
Mário Pereira, que enquanto deputado do CDS-PP na Assembleia Legislativa foi um dos elementos mais críticos do funcionamento do Sesaram, foi nomeado em Janeiro pelo Governo Regional de coligação PSD/CDS para exercer o cargo de director clínico daquele serviço.
Na altura, gerou-se muita contestação por parte de vários colegas, tendo um grupo de 33 directores de serviço e coordenadores de unidades do Sesaram apresentado a demissão, que não foi aceite pelo Governo Regional.
O grupo contestatário considerou que esta situação configurava uma forma de partidarização da área clínica da saúde, lembrando que a legislação que regula o Sesaram estabelece que o director clínico seja nomeado pelo secretário regional da Saúde, sob proposta do Conselho de Administração da instituição de entre os médicos que trabalham nesta entidade, reconhecido pelo seu mérito e experiência profissional.
Mário Pereira tomou posse como director clínico do Sesaram em 7 de Fevereiro.