Maduro acusa presidente colombiano de planear o seu assassinato
O presidente da Venezuela acusou hoje o seu homólogo colombiano, Iván Duque, de ter planeado o seu assassinato durante as eleições parlamentares de domingo e explicou que por isso votou num centro eleitoral distinto do inicialmente previsto.
"Solicitei mudar de centro de votação porque de fontes de inteligência [serviços de informação] colombiana, muito confiáveis, chegou-nos a informação de que planeavam um ataque para me assassinar no dia das eleições", disse Nicolás Maduro.
O chefe de estado falava em Caracas, durante um encontro com jornalistas internacionais, em que explicou que a sua "equipa de segurança tomou a decisão de recomendar trocar o centro de votação", insistindo: "Desde a Casa de Nariño [residência oficial do presidente da Colômbia, em Bogotá], Iván Duque participou dos planos para assassinar-me no dia das eleições".
"Tomei as minhas precauções legais com o Conselho Nacional Eleitoral [CNE]. Tomei as minhas precauções de segurança e todo este assunto está em fase de investigação avançada", acrescentou.
Nicolás Maduro disse ainda que o seu homólogo colombiano tem "uma obsessão contra a Venezuela".
"É o presidente colombiano que nos últimos 200 anos mais tem odiado a Venezuela. Gostaria de uma guerra contra a Venezuela, mas não tem conseguido", afirmou Maduro, que voltou a acusar Iván Duque de ter formado mais de "mil mercenários", na Colômbia, para atacar o seu país.
Por outro lado, Nicolás Maduro revelou ter activado o "Plano 76" para impedir a ingerência e sabotagem do presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, nas eleições parlamentares de domingo.
"Fizemos o trabalho que tínhamos que fazer (...) Trump anunciou em Setembro, em Miami, que grandes eventos aconteceriam na Venezuela nestes dias", explicou Maduro, precisando que aquando dessas declarações já o "Plano 76" estava estruturado.
Segundo Nicolás Maduro as eleições de domingo "são o reflexo da soberania e do retorno da Assembleia Nacional", que "nasceu por mandado da Constituição" e, por isso, felicitou as "instituições democráticas", condenando a "guerra mediática" para desvalorizar as parlamentares.
"Em 6 de Dezembro houve umas eleições heroicas, no meio da pandemia [de covid-19], da guerra do combustível, da guerra económica e do sofrimento cruel contra o povo da Venezuela que deu uma demonstração heróica e disse que queremos a paz", frisou.
O presidente da Venezuela assegurou ainda que a realidade se imporá no país perante "a fantasia" do líder opositor Juan Guaidó e que está na disposição de dialogar com todos os sectores do país.
"Não sou um homem de ressentimento, nem orgulhoso. Se devo sentar-se com o próprio diabo, me sentarei com o diabo (...) Nós [governo] estamos dispostos a dialogar", vincou.
Segundo Nicolás Maduro o novo parlamento se centrará na recuperação económica e no diálogo com todos os sectores políticos, culturais e religiosos venezuelanos, e também com a comunidade internacional.
Maduro declarou também que espera apoio da Noruega para que os oposicionistas "deixem os extremos, os egos e orgulhos" e que "nos sentemos todos do mesmo lado e comecemos a escrever uma nova história de entendimento".
Segundo a imprensa venezuelana, estava inicialmente previsto que o presidente Nicolás Maduro votasse no Liceu Miguel António Caro de Cátia (oeste da capital), mas votou no Forte de Tiuna (a sul), a principal base militar de Caracas.
No domingo, a aliança de partidos que apoiam o governo de Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas, com 67,6% dos votos, quando foram contados 82,35% dos boletins, anunciou o CNE.
A taxa de participação foi de 31%, segundo o CNE.