Madeira

Famílias madeirenses preparam-se para a tradicional matança do porco

Evento a cargo da Confraria Enogastronómica da Madeira foi adiado para o final do mês de Janeiro de 2021

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A tradicional matança do porco mantém-se este ano, na Madeira. Como é hábito, muitos madeirenses vão aproveitar o feriado da Imaculada Conceição, assinalado esta terça-feira, para fazer cumprir esta herança cultural que divide opiniões.

Ora, a prática - que marca para a generalidade das pessoas o início da quadra natalícia - será assinalada este ano exclusivamente em espaços privados e não num formato virado para o público em geral, isto devido às restrições impostas pela covid-19, que impede ajuntamentos superiores a cinco pessoas.

Por isso, o tradicional evento a cargo da Confraria Enogastronómica da Madeira, foi adiado, conforme explica ao DIÁRIO, Alcides Nóbrega, presidente desta sociedade, que aponta à matança para o final do mês de Janeiro de 2021, isto se a situação epidemiológica permitir. "Não é possível reunir este Natal devido a todas estas limitações", lamentou sobre um evento que habitualmente reúne "entre 60 a 70 pessoas".

Esta é uma tradição antiga, que marca o início da 'Festa'. É a partir do dia 8 de Dezembro, com a matança do porco, que os madeirenses dão início às festividades. Quando realizamos a tradicional 'Função da Morte do Porco' pedimos autorização às autoridades e solicitamos a presença de um veterinário da Secretaria Regional da Agricultura. Fazemos tudo dentro dos preceitos legais. Alcides Nóbrega

Alcides Nóbrega garante que muitas famílias madeirenses vão estar reunidas esta terça-feira para fazer cumprir a tradição "que já existe há muitos anos", seja para garantir alguma forma de sustento através da venda de partes do porco, seja para guardar a carne e ir "usando ao longo do ano". Em caso de venda desta "carne bem paga", o preço ronda os cinco euros ao quilo.

"Estamos a falar de todo um ritual que se cumpre nas casas de familiares e amigos. Há quem tire férias nesta altura só para estar presente nas várias matanças, quer na casa dos pais, quer na casa dos sogros, por exemplo", indicou o presidente da Confraria Enogastronómica da Madeira, sublinhando que esta é também "uma ajuda muito grande para as famílias", sobretudo aquelas com parcos rendimentos.

"Só aparecem nesta altura"

A tradição divide opiniões. Há quem defenda a matança do porco e há quem se insurja perante o acto, alegando o sofrimento causado ao animal. Alcides Nóbrega diz que esse género de críticas "passam ao lado" da Confraria e assume que "algumas pessoas têm de atender a determinadas realidades".

"Nunca falam durante o ano e aproveitam para só aparecer nesta altura, optando por criticar. Não é por isso que vamos deixar de o fazer", atirou, baseando-se no legado deixado pelas anteriores gerações, as mesmas que salgavam o porco, que o guardavam e iam usando "conforme as suas necessidades" até ao Natal seguinte.

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