Eles “andem” aí!
Neste momento os casos de Covid aumentam a olhos vistos e os únicos que podem conter isto são as próprias pessoas. Não é o governo
Caros leitores, este mês, tinha tantos assuntos para falar mas infelizmente tenho que batalhar nos mesmos. No último artigo alertei para o perigo do cidadão não adotar todas as medidas necessárias de prevenção à Covid. Vaticinava que iríamos entrar na primeira vaga na Madeira se os comportamentos não fossem responsáveis.
Infelizmente tive razão. E como não quis tê-la nesta matéria…
Acreditava que perante as evidências, a população fosse responsável. Curiosamente, nas redes sociais, vejo agora muitos daqueles que não queriam usar máscara (pela sua liberdade individual) e que acusavam o governo regional, entre outras coisas, de ditador nas suas medidas para conter o vírus, agora acusam o mesmo governo de ser o causador da propagação do vírus. Chateia-me muito a irresponsabilidade de pessoas que supostamente, aos olhos de muitos, são inteligentes e que os seus argumentos são sempre para ter em conta, mas que perigosamente opinam salvaguardados na sua liberdade de expressão. Professores, juristas, polícias, advogados, profissionais de saúde, jornalistas, etc. etc…neste grupo há um pouco de tudo… e são seguidos por centenas, senão milhares de pessoas. Estes, muitas vezes, dedicam-se a espalhar fake news com opiniões duvidosas ou simplesmente destilam ódio contra tudo o que se faça seja de bom ou pelo melhor, dadas as circunstâncias. Aqui o que interessa é dizer mal. Obviamente os incautos, os menos esclarecidos, vão lendo todas estas coisas e, muitos sem a capacidade de separar o trigo do joio, vão absorvendo a informação como uma esponja formando opiniões erradas que os levam a comportamentos perigosos. Mas sim… o que importa é a preservação da liberdade de expressão para se dizer todo o tipo de asneiradas pondo em causa a vida e a saúde pública. Podemos restringir a liberdade de expressão? Claro que não. Mas quem reproduz dados errados, informações falsas ou opiniões que possam pôr em causa a vida das pessoas, deveria ser punido pela sua irresponsabilidade.
Neste momento os casos de Covid aumentam a olhos vistos e os únicos que podem conter isto são as próprias pessoas. Não é o governo, ou a polícia ou as leis e os decretos, SÃO AS PESSOAS.
Independentemente do que é permitido ou não fazer, cada um de NÓS tem de fazer o que é certo:
-Vai haver a festa de fim de ano e podemos estar na rua até à uma da manhã. Nós, como somos responsáveis vamos ver o fogo em casa e não vamos andar em ajuntamentos.
No Natal era tradição visitar os presépios dos vizinhos. Este é um ano especial e vamos trocar fotografias pelo telemóvel. Não vai ser possível visitar outras casas, para não arriscarmos ser contagiados ou a contagiar os outros.
E Sim, vamos usar máscara e desinfetar as mãos e manter sempre o distanciamento social.
Mesmo com todas as medidas neste momento já não é linear que se consiga evitar o contágio. Vejamos, por exemplo, os nossos filhos que estão na escola com outras crianças cujos comportamentos ou contactos familiares são impossíveis de controlar. Mas podemos fazer de tudo para prevenir e, caso aconteça, limitar a transmissão entre nós.
Não tenham duvidas o contágio na comunidade já se iniciou. “Eles “andem” aí!”
Só quero lembrar uma coisa aos decisores: Sem saúde não há economia!
P.S- Não me canso de batalhar sobre dois temas que envergonham este país. Infelizmente, cada vez mais, estou convencida que a maioria acha tudo normal desde que não lhe calhe a si.
Segundo o último relatório da OCDE, Portugal continua a ser o país que menos investe nas medidas de combate à violência doméstica. Julgo que todos viram o relatório sobre a morte da Professora, vítima de violência doméstica, no Porto Santo. Continuem a não mexer nas penas e medidas efetivas de afastamento dos agressores, continuem com as penas suspensas a todos os que são efetivamente condenados e vejam o número de vidas destruídas a aumentar.
Apesar de não ser pública e só ser passível de consulta mediante pedido justificado, Portugal tem uma lista negra de pedófilos devidamente identificados e condenados pela justiça. Condenados, mas não obrigatoriamente presos. É que a taxa de penas suspensas da justiça Portuguesa envergonha este país. Segundo uma notícia tornada pública a semana passada em 2019 foram acrescentados 330 nomes a esta lista, quase um por dia. O ano acabou com 5.717 condenados por crimes sexuais.
Ninguém se indigna por isto? Onde andam as figuras públicas e os políticos? Que lobbi é este que não deixa mexer nas penas deste tipo de crimes?
PS1- Sendo o meu último artigo do ano desejo a todos um Feliz e Santo Natal com muita saúde, e dentro do possível, junto das pessoas que mais amam.