Biden alerta para a necessidade de uma distribuição equitativa da vacina
O Presidente eleito dos Estados Unidos advertiu hoje para a necessidade de haver uma distribuição equitativa da vacina contra o SARS-CoV-2 no país, um detalhe que considerou estar em falta no plano da atual administração.
"Não há um plano detalhado", criticou o democrata Joe Biden, apontando, em particular, que está em falta o "lado equitativo" do processo de vacinação contra o novo coronavírus.
O Presidente eleito explicitou que é preciso disponibilizar às comunidades mais frágeis uma das vacinas que vão entrar em circulação ainda antes do final de 2020.
O acesso a este fármaco não pode, por isso, ser exclusivamente distribuído a grandes superfícies que habitualmente comercializam medicamentos.
Por isso, Biden garantiu que está a trabalhar "num plano geral" que contemple esta repartição justa da vacina, razão pela qual, sustentou, pediu ao especialista em doenças infecciosas Anthony Fauci para integrar a 'task force' para combater a propagação da pandemia no país.
Fauci trabalhou com a atual administração, mas foi, entretanto, descredibilizado por Trump por contradizer as ideias do Presidente cessante sobre o distanciamento social, a utilização de equipamentos de proteção individual e ainda a ideia falsa de que a covid-19 se assemelha uma gripe com leves sintomas.
As declarações de Joe Biden ganharam especial importância, uma vez que todos os estados norte-americanos estão a competir para obter o maior número possível de vacinas e as primeiras remessas.
Os estados têm de fazer os pedidos de aquisição deste fármaco ates das 20:00 locais de hoje (01:00 de sábado em Lisboa).
Contudo, vários governadores e autoridades sanitárias locais já expressaram o descontentamento pelas doses a que vão ter acesso.
Cada caixa deverá conter 975 vacinas da farmacêutica norte-americana Pfizer, que poderão começar a ser administradas a partir de 15 de dezembro. Esta vacinas terão se ser conservadas a -- 34ºC, uma temperatura muito inferior à das vacinas de outros laboratórios.
A distribuição, atualmente, tem em conta os estados com maior percentagem populacional, no entanto, estados como o Maine, o Wisconsin e o Distrito da Colúmbia (DC) não estão de acordo com este critério.
A alcaide de DC, a democrata Muriel Bowser, argumentou que este critério não tem em conta o facto de Washington ter a responsabilidade de administrar a vacina a profissionais de saúde da cidade que vivem nos estados próximos da Virgínia e do Maryland.
Bowser considerou, por isso, que a Administração Trump não tem em conta este fator e que dos cerca de 85.000 profissionais de saúde que trabalham em DC, apenas 6.800 poderão ser vacinados inicialmente.
A incoerência da Casa Branca em relação à distribuição e eficácia de uma vacina também diminuiu a confiança dos norte-americanos, considerou Biden.
Recorde-se que Donald Trump esteve grande parte do ano a assegurar que a vacina estava quase a chegar, mas o fármaco, de facto, apenas chegou no final do ano e não estará imediatamente disponível para a generalidade da população.
As "asserções selvagens" de Trump de que o SARS-CoV-2 acabaria por desaparecer naturalmente, ou que a injeção de lixívia poderia matar o vírus, diminuíram a confiança na fiabilidade da vacinação, explicou Biden.
Por isso, é necessário, na opinião do democrata, reconstruir a confiança dos norte-americanos, em particular das comunidades afro-americanas e latinas, na vacinação e na importância das regras sanitárias como dissuasoras da infeção.
Os Estados Unidos continuam a ser o país com mais mortos (276.401) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 14 milhões).