PUB
PUB
Madeira

Mais de um terço do comércio lojista já fechou portas no centro urbano do Funchal

Presidente da ACIF antevê um cenário drástico no primeiro trimestre de 2021

None

O alerta, em tom preocupante, partiu da voz do presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), Jorge Veiga França: mais de um terço das lojas do centro urbano da cidade do Funchal estão de portas fechadas. É este o resultado dos inquéritos que a ACIF tem vindo a desenvolver na baixa da capital madeirense, num levantamento que tem sido feito à ‘porta fechada’.

“Andaremos à volta de mais de um terço das lojas com portas fechadas no centro urbano da cidade do Funchal”, disse Jorge Veiga França, lamentando o facto de a breve trecho passarmos a assistir “infelizmente” a mais falências. “Existem vários empresários em nome individual que este mês já apresentaram pedidos de insolvência”, acrescentou, enquanto falava na tomada de posse da Mesa da Secção de Comércio Lojista, a ser liderada por Rodrigo Gouveia no próximo triénio.

O presidente da Associação abordou também a questão de que “muitas destas empresas” são ‘micro’ e de cariz familiar, ou seja, os sócio-gerentes e funcionários são do mesmo agregado. Em muitos casos, as lojas estão também ligadas a empresários em nome individual do comércio lojista tradicional.

Vamos ter muitas falências seguramente e desemprego resultantes desta actividade (...) estamos numa fase muito avançada deste problema e as almofadas financeiras esgotaram-se. Jorge Veiga França, presidente da ACIF

Já Rodrigo Gouveia, recém-empossado presidente da Mesa do Comércio Lojista da ACIF, recordou que “95% do tecido empresarial” da Madeira “é composto por Micro, Pequenas e Médias Empresas”, ou seja, “as micro e as pequenas empresas têm um volume de facturação, naturalmente pela sua estrutura, mais reduzido”, o que significa que “não têm uma capacidade instalada para suportar uma situação de crise e de falta de facturação tão alargada como estamos a viver”.

"Os apoios são fundamentais, com carácter urgente, mas temos de fazer e adequar os apoios em proporção da realidade e necessidade de cada empresa, porque o sector é grande, diversificado, mas existem na óptica de quebras de facturação percentagens que são diferentes entre actividades, sectores e lojistas. Não podemos olhar para o problema de uma forma generalizada, porque se uns podem ter quebras na ordem dos 40%, poderá haver situações mais dramáticas que chegam a atingir os 90%. É preciso adequar os apoios conforme o grau de necessidade", sugeriu Rodrigo Gouveia.

Os meses de pandemia têm sido passados com um sentimento de resiliência por parte das empresas, com a expectativa de que o dia seguinte será melhor. Acontece que nós vamos já há nove meses nesta situação e de dia para dia as expectativas caem por terra. Quando esperamos que o dia seguinte seja melhor e que haverá uma retoma isso não acontece. Portanto, essa situação torna o processo todo ele agoniante do ponto de vista financeiro e de liquidez, que chegam já a atingir um patamar muito preocupante. É muito preocupante, porque vamos passar para o exercício seguinte. Estamos num mês que seria impulsionador de vendas, mas que face às restrições e situação económica social isso não está a acontecer. Coloca-nos numa situação dramática. Rodrigo Gouveia, presidente da Mesa da Secção de Comércio Lojista da ACIF

A visão drástica deixa o presidente da mesa ciente dos "desafios que o comércio lojista e todo o tecido empresarial enfrentam hoje e vão enfrentar nos próximos anos". Rodrigo Gouveia deu algumas ideias.

"É, pois, um momento de convergência e cooperação. É fundamental colocar as empresas no centro da recuperação da economia apoiando a tesouraria das empresas economicamente viáveis, criando mecanismos como a possibilidade de dedução dos prejuízos fiscais gerados em 2020 e 2021 aos lucros dos últimos exercícios, e adoptar mecanismos de incentivo e créditos fiscais para fomentar a revitalização das empresas e o seu crescimento", indicou, vincando que "o comércio é uma actividade estruturante da organização social e com grande importância no contexto da economia regional".

Fechar Menu

Podcasts

×