Dívida do SESARAM deverá fechar este ano no valor de 2019
Aumento de cerca de 22 milhões de euros no primeiro semestre foi consequência da pandemia. Nesta segunda metade do ano já há redução
Até ao final do ano o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira pretende amortizar a dívida comercial e terminar 2020 dentro dos valores da dívida apresentada no final do ano passado, revelou Miguel Freitas, vogal do Conselho de Administração do SESARAM. O aumento de cerca de 22 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano (mais precisamente 21,78) deveu-se à situação de pandemia e à necessidade que o serviço teve de responder-lhe, justificou.
O crescimento da dívida da saúde é a manchete da edição de hoje do DIÁRIO. No final de 2019 o serviço devia 46,12 milhões de euros a fornecedores. No final de Junho o valor tinha subido para 67,9 milhões. “Grande parte dessa dívida foi para testes, EPI, nomeadamente máscaras, nalguns casos com encomendas superiores a um milhão de euros”, esclareceu o membro da direcção.
Erica Franco , 04 Dezembro 2020 - 07:00
Miguel Freitas acredita que este segundo semestre não deverá agravar a situação. “Eu estou em crer que não. Neste momento o nível dever-se-á manter no mesmo nível do primeiro semestre, até com uma ligeira diminuição. E estou a contar que até ao final do ano nós consigamos reduzir, não digo para zero, que isso é impossível, mas para níveis de 2019, ou seja, não ter um aumento de dívida este ano, o que seria já um grande feito”.
O SESARAM aguarda pela transferência do Governo Regional da última tranche prevista para este ano para atingir este objectivo. O SESARAM está à espera de um financiamento através do Fundo de Recuperação da União Europeia. “Isso também tem importância neste fluxo financeiro que acontecerá em breve, espero bem”.
A subida pronunciada no primeiro semestre de 2020, particularmente no segundo trimestre, prende-se com um “aumento grande da despesa, para além das despesas normais”, fruto da chegada da pandemia em Março à Madeira. Em alguns casos houve mesmo necessidade de fazer pronto-pagamentos para equipamento de protecção individual (EPI) que estiveram em falta no mercado mundial. “Isso fez com que nós tivéssemos aumentado muito a nossa despesa e como é óbvio não tivemos o fluxo financeiro necessário, nem seria possível, para colmatar”.
O vogal do Conselho de Administração do SESARAM, responsável pela área financeira, assume que já havia dívida antes e esclarece que a dívida, apesar de existir, não está necessariamente vencida. Em alguns casos, revela, foi inscrita, mas tinha apenas dias, tendo sido reportada porque o SESARAM tem de reportar todos os meses o passivo à tutela.
Nesta questão do endividamento, a direcção do Serviço de Saúde na Madeira tem procurado salvaguardar sobretudo os pequenos fornecedores, a quem poderá fazer mais falta. Mas na dívida de 22 milhões estão empresas de todo o tipo.
Em 2021, Miguel Freitas conta voltar a outras contas. “A nossa expectativa é que no final do segundo semestre do ano que vem já haja uma maior normalidade financeira também”, revelou.