Apenas 34% dos venezuelanos ponderam votar
Apenas 34% dos 30,1 milhões de eleitores venezuelanos ponderam participar nas eleições legislativas de domingo, segundo a última sondagem da empresa de análise de dados Datanálisis.
"A motivação para participar neste evento é muito baixa e não se espera uma votação massiva. Na verdade, o mercado potencial máximo é de 34% da população, como indica a última sondagem nacional da Datanálisis, de novembro", explica o presidente da Datanálisis.
Segundo Luís Vicente León "a participação esperada nas eleições parlamentares é bastante baixa. Existem muitos fatores que explicam isso. Em primeiro lugar, os convocadores oficiais representam apenas uma parte da sociedade e os oponentes que decidiram acompanhá-los, rejeitando a tese dos seus colegas de se absterem, representam uma minoria histórica de seu segmento e de nenhuma maneira contam com os líderes-chave para movimentar a população opositora maioritariamente a votar.
Segundo a sondagem "Participação Eleições Assembleia Nacional", há "um potencial de 61,4%" de pessoas na disposição de não votar, das quais 44,6% respondeu não estar nada disposto e 16,8 pouco disposto.
Por outro lado, há "um potencial de 34%" que irá votar, e que respondeu estar disposto (19,6%) e muito disposto (14,4%) a participar nas eleições, enquanto 4,6% dos entrevistados respondeu que não sabe.
No entanto, segundo a Datanálisis, "os resultados da pesquisa não podem projetar com precisão a participação numa eleição, muito menos numa não convencional como esta" de 6 de dezembro.
"É uma variável sujeita a muitos fatores de mobilização emocional e prática, e à qualidade e transparência dos resultados obtidos versus os apresentados, mas indica claramente que dois terços dos venezuelanos não estão atraídos pela convocatória eleitoral e o mais provável é que se abstenham de participar em percentagens ligeiramente superiores às das eleições parlamentares de 2005, quando a oposição também decidiu abster-se", explica.
Segundo a Datanálisis, "percebe-se também que a participação esperada se concentra principalmente na população com tendência oficial (pró-governamental)".
Com efeito, a disposição a participar foi de 85,3% entre os simpatizantes do chavismo, 23,4% identificaram-se como "ni-ni" (nem com o Governo nem com a oposição) e 30,7% como opositores.
Com base nestas três categorias, 13,3% do chavismo disse não estar disposto a participar, 70,9% dos "ni-ni" e 65,3% da oposição.
"Isso indica que os resultados esperados, uma vez que a oposição maioritária apelou à abstenção, parecem estar claramente a favor do partido no poder. No entanto, é importante notar que à medida que mais eleitores se aproximam da votação, a diferença entre as duas tendências se reduz exponencialmente", explica.
A Datanálisis diz que não se esperam surpresas e "a diferença deve favorecer o Chavismo, mas o que esse número nos diz é que, se a oposição institucional tivesse decidido participar, as dificuldades do Governo em obter uma vitória nesta disputa teriam sido muito relevantes".
"É evidente que o Governo continuará com o seu processo e o validará dentro do país, através das suas instituições revolucionárias, e fará o mesmo perante os seus aliados internacionais, mas, dentro e fora do país, quem não reconhece o governo de Maduro, ou suas instituições, não o fará depois desta eleição e por isso o jogo continuará congelado", explica.
Sobre a consulta popular promovida pela oposição, que terá lugar de 5 a 12 de dezembro (virtuais nos primeiros dias e presencial no último dia) a Datanálisis diz que apenas 28% dos entrevistados aceitaram ser legítima, enquanto 54,2% vê o futuro comprometido.
No total, 65,8% dos inquiridos não estão dispostos a participar na consulta opositora, 26% participarão e 7,2% ainda não sabem, enquanto que 1% não responderam.
Os venezuelanos vão no domingo às urnas para eleger os novos deputados para a Assembleia Nacional, dominada pela oposição desde 2015, mas na qual o chavismo promete agora uma vitória arrasadora.
Segundo os analistas, é pouco provável haver mudanças políticas na liderança do país, principalmente depois de 37 partidos opositores se terem recusado a participar, apelando ao boicote das eleições, que dizem serem "uma fraude".
As eleições são questionadas pela comunidade internacional, incluindo a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA), porque consideram que não se trata de um processo transparente face à intervenção dos partidos políticos pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), que foi acusado de ser pró-Chávez.