Menos velocidade e mais segurança na 43.ª edição do Dakar2021
A 43.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, que começa no sábado com um prólogo, em Jeddah, na Arábia Saudita, fica marcada pela tentativa da organização de tornar a corrida mais lenta e mais segura para os pilotos.
Essa foi a principal lição aprendida em 2020, com a morte do motociclista português Paulo Gonçalves, no decorrer da sétima etapa da prova no ano de estreia naquele país do Médio Oriente.
Assim, a organização decidiu entregar aos pilotos das categorias principais a informação sobre o percurso do dia apenas uns minutos antes da partida de cada etapa, evitando consequentemente que as equipas pudessem estudar o traçado ao pormenor.
Por outro lado, os pilotos da elite das motas estão limitados a seis pneus traseiros ao longo das 12 etapas previstas, num total de 7.646 quilómetros, 4.767 deles cronometrados, obrigando-os a controlar o andamento de forma a poupar borrachas até ao final. As limitações de trocas de motor mantêm-se.
Os pilotos das motas vão ainda estrear um sistema de 'airbag' instalado nos casacos, para amortecer os impactos em caso de queda.
Nos automóveis, mantêm-se as câmaras instaladas nos 'cockpits' dos primeiros classificados, de forma a dissuadir a utilização de indicações suplementares.
Estas são as principais novidades de uma prova marcada pelas restrições provocadas pela pandemia do novo coronavírus.
Desde viagens dos pilotos em aviões 'charter', quarentena à chegada e testes obrigatórios para todos os participantes, para além de 'bolhas' em torno das equipas e contactos limitados com o exterior.
É nesse cenário que o espanhol Carlos Sainz (Mini), nos carros, e o norte-americano Ricky Brabec (Honda), nas motas, vão tentar repetir as vitórias conseguidas em 2020.
Nos automóveis, Sainz terá a oposição do seu companheiro de equipa, o francês Stéphane Peterhansel (Mini), que conta com 13 vitórias na prova (seis em moto, em 1991, 1992, 1993, 1995, 1997 e 1998, e sete em carro, em 2004, 2005, 2007, 2012, 2013, 2016 e 2017) e 76 triunfos em etapas.
O catari Nasser Al-Attyiah (Toyota) é outro dos favoritos, surgindo, depois, em segundo plano, o francês Sébastien Loeb, num protótipo BRX a gasolina. Depois do terceiro lugar de 2019, Loeb espera "lutar pela vitória" em 2021, fazendo equipa com o espanhol Nani Roma.
Nas motas, Brabec será o chefe de fila da Honda, dirigida pelo português Ruben Faria, tendo no australiano Toby Price (KTM) e no chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna) os principais opositores.
Apesar dos cuidados, a prova não se livra da polémica, com a Federação Internacional dos Direitos Humanos a criticar a realização do evento num país em que várias ativistas dos direitos das mulheres permanecem presas, tendo uma delas sido condenada no dia 28 a quase seis anos de cadeia.
A 43.ª edição do rali Dakar arranca no sábado, em Jeddah, com um prólogo de 10 quilómetros que definirá a ordem de partida para a primeira etapa, domingo, entre Jeddah e Bisha, com 622 quilómetros, 277 deles cronometrados.
A corrida termina no dia 15, após 12 etapas disputadas.