Farmácias podem ajudar a vacinar com rapidez e eficácia contra covid-19
Bruno Olim acredita que os 47 centros de saúde da rede na Madeira têm capacidade para responder ao desafio
Faz sentido neste primeira fase que toda a reserva de vacina da covid-19 seja concentrada no sistema público de forma a garantir primeiro a sua aplicação aos grupos de risco. No entanto, isto não invalida que as farmácias sejam parceiras e ajudem na vacinação, a fazer chegar a estas pessoas a vacina de forma mais fácil, sobretudo onde a rede de centros de saúde não tem capacidade para dar resposta, defendeu o farmacêutico Bruno Olim, em linha com o que disse a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, a presidente da Associação de Farmácias de Portugal e o presidente da Associação Nacional das Farmácias sobre a decisão do Governo deixar de fora esta rede alargada de distribuição de medicamentos. Na Madeira, acredita que a rede de centros tem capacidade de dar resposta.
A vacina da covid-19, que deverá começar a ser administrada em Janeiro, será gratuita e universal, embora num primeiro momento de maior escassez esteja reservada para os grupos prioritários, nomeadamente utentes dos lares, funcionários destes e profissionais de saúde, para referir alguns. Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, será realizada nesta fase inicial nos centros de saúde, podendo depois ser alargada a outras estruturas. As farmácias ficam para já de fora.
“Se a Madeira não utilizar [as farmácias], não me choca”. Diz o farmacêutico
Na Madeira Bruno Olim acredita que os 47 centros de saúde têm capacidade para chegar a vacina à população neste arranque, o que não acontece no território continental, onde há zonas recônditas onde a população tem farmácia mas não tem centro de saúde ou dependência e sairá beneficiada de uma parceria.
“É um tema perfeitamente pacífico numa primeira fase, ou nas primeiras fases, que a necessidade de vacinação global seja faseada e que nesta primeira fase atinja os grupos prioritários e obviamente aí tem de haver um escrutínio muito grande”, disse o farmacêutico. Depois existe a questão da disponibilização. E recorda que países como a Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e França, adoptaram como ponto de vacinação as farmácias e os farmacêuticos como vacinantes.
Bruno Olim sublinha que os farmacêuticos têm formação e estão capacitados para administrar vacinas, que já o fazem em larga escala com a vacina da gripe, por exemplo, e que as farmácias estão preparadas para garantir o seu armazenamento em segurança. O profissional acredita que a parceria com as farmácias permitirá uma maior cobertura, com “segurança e eficácia”.
“Realmente em termos de venda, em termos de aquisição, eu acho que realmente numa primeira fase não faria qualquer sentido, sendo que os estados querem é vacinar os grupos prioritários”. Já na questão da vacinação, as farmácias podem fazer a diferença. “O que nos interessa a todos é que ocorra uma época vacinal para covid-19 eficiente, no sentido de ser rápida, célere, e que chegue às pessoas que necessitam”, recordou.
“Imagine estas zonas rurais, que não têm um centro de saúde. Será que vamos deslocar equipas dedicadas do centro de saúde, retirando essa capacidade ao centro de saúde, para ir vacinar em zonas rurais quando existe lá uma farmácia que pode prestar este serviço, com toda a qualidade?”
Quanto à fase posterior, de venda, diz que dependerá da evolução. Bruno Olim acredita fará sentido por exemplo numa fase de revacinação, ou quando o Governo achar que há uma cobertura vacinal suficiente e entender que a partir daí deixe de ser gratuita.